quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Especialista responde questões sobre insônia

Os transtornos do sono têm sido uma das queixas mais frequentes em consultórios médicos e as suas repercussões afetam não só a própria pessoa, mas todos que a rodeiam, alternando dessa forma o seu humor, ânimo, vida social e profissional.
20% a 40% dos pacientes têm insônia em alguma época da vida. Apesar dessa frequência alta, é rara a procura por um médico “apenas” pela queixa de insônia. Muitas vezes a não compreensão, a não-aceitação ou o conceito moral de que “não dormir bem” é socialmente mal visto, leva a uma omissão do sintoma pelo paciente.

A vida agitada dos grandes centros, o estresse excessivo, a exposição constante a situações de tensão e expectativa são os grandes vilões do homem moderno e os principais desencadeantes da insônia.

1. O que é insônia?

Insônia é a dificuldade para iniciar ou manter o sono ou de um sono não reparador, que dura no mínimo um mês.

A insônia atinge as pessoas de todas as classes socioeconômicas, mas afeta principalmente mulheres, idosos, pessoas que moram sozinhas e indivíduos com histórico de depressão.

2. Quais são as causa da insônia?

- Estresse: preocupações com trabalho, família, perda de entes queridos;

- Distúrbios psiquiátricos como ansiedade, depressão, pânico;

- Doenças como diabetes, reumatismo, problemas vasculares;

- Alterações no ritmo biológico: viagens com alteração do fuso horário, mudanças de turnos de trabalho;

- Alguns medicamentos como antidepressivos e psicoestimulantes (anfetaminas e cafeína)

- Excesso de álcool;

- Ambiente desfavorável como calor excessivo, cama desconfortável, excesso de ruído;

- Envelhecimento: os idosos têm uma piora na qualidade do sono.

3. A insônia deve ser tratada?

Sim, porque os insones têm menos saúde, usam mais os serviços médicos hospitalares e pior performance na escola e no trabalho devido ao maior índice de faltas.

O número de acidentes é 2,5 vezes maior nos indivíduos insones.

4. O que fazer para melhorar o sono?

- Ir para a cama apenas para dormir (não ler, não estudar, não comer na cama);

- Manter horários regulares para deitar e levantar;

- Ir para cama com sono e levantar se estiver sem sono;

- Dormir em um ambiente sem luminosidade, frio ou calor excessivo e com muito barulho;

- Deixar as preocupações longe da cama;

- À noite, fazer apenas refeições leves;

- Evitar bebidas com cafeína e álcool, não fumar;

- Evitar dormir com sede ou com fome;

- Não realizar atividade física em horário próximo ao de deitar.

5. A quem devo buscar ou pedir ajuda/conselho?

O neurologista é o profissional indicado para tratar insônia, pois ele recebe treinamento clínico e neurofisiológico específico para orientar sobre o medicamento quando as recomendações acima citadas não forem o suficiente para o indivíduo dormir.

Outros especialistas que podem cuidar da insônia são os psiquiatras, principalmente se esta for devido a quadro depressivos e/ou ansiosos. Quando o paciente tem apnéia do sono (problemas respiratórios durante o sono) pode ser tratado por pneumologistas ou otorrinolaringologistas especializados em distúrbios do sono.

Célia Roesler

Médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.