sexta-feira, 8 de abril de 2011

Unhas dos pés podem revelar risco de câncer no pulmão, diz estudo

Cientistas americanos afirmam que a análise das unhas dos pés de uma pessoa pode indicar o risco de desenvolvimento futuro de câncer no pulmão.

Os especialistas da Universidade de San Diego, na Califórnia, descobriram que é possível analisar os níveis de nicotina em pedaços de unhas cortadas.

A pesquisa, publicada na revista especializada American Journal of Epidemiology, afirma que unhas dos pés que crescem lentamente podem funcionar como um medidor da exposição crônica ao fumo.

Segundo o estudo, as unhas dos pés não servem apenas para avaliar o risco de câncer no pulmão entre fumantes, mas também entre os não fumantes.

A pesquisa concluiu que homens com os níveis mais altos de nicotina nas unhas dos pés tinham risco três vezes maiores de desenvolver a doença do que aqueles com níveis mais baixos.

Fumo passivo

Os pesquisadores americanos analisaram 840 homens, alguns com câncer no pulmão e outros sem a doença.

Alguns dos homens com os níveis mais altos de nicotina nas unhas eram não fumantes que, possivelmente, foram expostos à nicotina através do fumo passivo.

O câncer de pulmão é o tipo de câncer mais comum no mundo, com 1,61 milhão de novos casos diagnosticados a cada ano.

A grande maioria dos casos desta doença são causados pelo fumo.


BBC Brasil

Governo assina acordo para diminuir sódio em alimentos

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e as associações que representam os produtores de alimentos processados, assinaram, na quinta-feira (7), um termo de compromisso com o objetivo de reduzir gradualmente a quantidade de sódio em 16 produtos industrializados.

“Este acordo com a indústria alimentícia representa um passo fundamental para que seja atingida a recomendação de consumo máximo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de 5 gramas de sal diários por pessoa, até 2020”, disse o ministro.

O documento estabelece um teor máximo de sódio para cada 100 gramas de alimento, que varia de acordo com o tipo de produto. No caso das massas instantâneas, esse teor ficaria limitado a 1,9 grama, o que representaria uma diminuição anual de 30% nos valores atuais.

Além disso, o acordo estabelece que algumas das metas apresentadas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2012 e aprofundadas até 2014.

Representando os produtores, participaram da negociação a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip).


G1

Estudo mostra que poluição dos carros pode afetar o cérebro

Ser exposto à poluição do ar causada por automóveis pode deixar danos cerebrais em ratos, semelhantes à perda de memória e à doença de Alzheimer, informaram pesquisadores americanos nesta quinta-feira.

Cientistas recriaram os poluentes que vêm da queima de combustíveis fósseis e expuseram ratos ao ar poluído por 15 horas por semana durante 10 semanas.

As pequenas partículas de ar tinham o tamanho de 1 milésimo da largura de um cabelo humano, sendo muito pequenas para serem retidas pelo sistema de filtro dos automóveis, mas exerceram danos consideráveis nos cérebros dos ratos expostos, informou o estudo.

"Você não pode vê-las, mas elas são inaladas e têm um efeito nos neurônios do cérebro, aumentando a possibilidade de consequências de longo prazo na saúde", afirmou o autor Caleb Finch, da Universidade do Sudeste da Califórnia.

Cientistas concluíram que a exposição resultou em um "dano significativo" para os neurônios envolvidos na aprendizagem e na memória, e eles detectaram "sinais de inflamação associados ao envelhecimento precoce e à doença de Alzheimer".

O estudo foi publicado na revista especializada "Environmental Health Perspectives".

Mais pesquisas são necessárias para determinar se os mesmos efeitos podem ser vistos em humanos.

"É claro que isso leva à questão: 'como podemos proteger os moradores das cidades desse tipo de toxicidade?'. Isso ainda não é sabido", concluiu Finch.


G1

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Timidez pode criar barreiras para o desenvolvimento pessoal

O coração que dispara, as mãos que tremem, a voz que falha, as palavras que somem, o rubor que toma conta da face, o medo de errar e ser ridicularizado, a insegurança e vergonha são reações e sentimentos familiares aos tímidos diante de determinadas situações sociais.

Frequentemente, o tímido encontra muitas dificuldades ao se expor para um grupo, para uma pessoa importante ou, até mesmo, ao investir afetivamente em alguém. Essas dificuldades e sentimentos são muitas vezes paralisantes e ultrapassar essas barreiras pode ser doloroso, exigindo um grande gasto de energia, principalmente, em uma sociedade onde a extroversão, a exposição e as redes de relacionamento (incluindo o networking) são valorizadas para se obter sucesso e ser reconhecido.

A timidez é um complexo processo de dificuldades de relacionamento interpessoal, que afeta diferentes áreas da vida: afetiva, profissional, emocional e social; manifestando-se no corpo, na mente, no pensamento e no "eu".

Na maioria das vezes, a autopercepção para o tímido é marcada por distorções negativas associadas a sentimentos, atitudes e comportamentos de menos valia que levam o indivíduo a criar uma série de medos e fantasias a respeito de si mesmo e dos riscos envolvidos na auto-expressão, seja verbal ou gestual.

No dia a dia, encontramos uma quantidade considerável de pessoas que se declaram tímidas ou inibidas em situações sociais. Observamos também diversos níveis, desde as pessoas que se demonstram tímidas em poucas situações até pessoas com comprometimentos sociais significativos.

Porém, é importante ressaltar que a timidez não é uma doença social ou mental, tanto que não está listada no DSM-IV(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed) e nem no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Rev.), diferentemente da fobia social.

Embora algumas manifestações somáticas sejam semelhantes e a ansiedade social esteja presente tanto na timidez quanto na fobia social, existem diferenças consideráveis entre cada uma dessas condições. Na fobia social, os ataques de ansiedade são muito mais intensos, com grandes possibilidades de ocorrência de ataque de pânico e necessidade de fugir do ambiente, levando o indivíduo a perder a noção de si mesmo. Outra característica do fóbico social, que não observamos no tímido, é a auto-avaliação negativa em todas as situações interativas com o outro, percepção do "outro" como uma ameaça constante, um inimigo pronto para "tirar proveito". Em outras palavras, a fonte do perigo para o tímido é interna e não externa como para o fóbico.

Também é muito comum no dia a dia a confusão entre timidez e introversão, pois ambos apresentam características semelhantes, como: verbalização restrita, retraimento e fuga de aglomerações, mas existem diferenças significativas entre o tímido e o introvertido, o que não quer dizer que uma característica exclua a outra.

Jung foi um dos teóricos que mais se aprofundou no estudo da introversão e, ao longo do seu trabalho, observou que existem pessoas com atitudes diferentes e que se relacionavam de maneiras diversas com o mundo exterior e interior.

As pessoas que possuem uma personalidade extrovertida geralmente focam sua atenção no mundo externo. De forma objetiva se orientam de acordo com o ambiente, construindo seus valores e subordinando os processos subjetivos ao objeto. Já para as pessoas que possuem uma atitude introvertida, o centro de atenção é o próprio mundo interno e se orientam através das suas próprias impressões, emoções e pensamentos.

A introversão é uma capacidade saudável de entrar em sintonia com o mundo interior. Enquanto os introvertidos possuem habilidades sociais, buscando isolamento para repor e/ou reter sua energia. O tímido usa o isolamento como fuga, devido ao medo de julgamento e falta de autoconfiança diante de situações sociais que exigem interação. No tímido, o sofrimento é provocado justamente pelo conflito entre o desejo pelo contato social e a inibição que o impede e bloqueia.

Alguns estudos observam a predominância da atitude introvertida entre os tímidos, contudo, não podemos afirmar que sempre ocorre a predominância desta atitude em sua psique. Uma criança extrovertida pode vir a ser tímida, não desenvolvendo o que a princípio seria a sua atitude principal, por influência do meio.

A timidez pode em muitos aspectos dificultar e criar barreiras para o desenvolvimento individual, no entanto, não é uma característica determinante para o fracasso. As barreiras e as dificuldades podem ser superadas com o empenho pessoal, pois existe a flexibilidade da natureza humana capaz de se ajustar às demandas do ambiente e isso é comprovado pelo grande número de pessoas que conseguem enfrentar a timidez.

Contudo, é importante destacar que esse enfrentamento é um processo que exige da pessoa maior conhecimento de si mesma, das próprias crenças, dificuldades e principalmente das próprias potencialidades.


Minha Vida

Conheça os riscos do consumo excessivo de energéticos

Não é incomum encontrar homens consumindo latinhas de energético pela manhã para aguentar o ritmo do trabalho após um happy hour animado. Ricos em cafeína, estas bebidas são estimulantes, mas não devem ser consumidas em exagero, pois podem fazer mal à saúde.

A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central e, por isso, ajuda a deixar as pessoas mais alertas. "Cada latinha de energético equivale a cerca de três xícaras de café, bebida que também é rica na substância. Por isso, o ideal é que a pessoa consuma, no máximo, uma lata e meia por dia, porque cafeína em excesso pode intoxicar o organismo, levando a náuseas, taquicardia, tremores, insônia, irritabilidade e zumbidos", explicou Vladimir Schraibman, especialista em cirurgia geral e gastrocirurgia, do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, da capital paulista.

Alessandra Grisante, nutricionista especializada em Fisiologia do Exercício do Hospital 9 de Julho, da mesma cidade, lembrou que é importante distinguir as bebidas energéticas das bebidas desportivas ou repositoras energéticas. "Estas têm composição diferente, sem cafeína ou estimulantes, com base prioritária de carboidratos (açúcares), visando a reidratação e a reposição da energia perdida durante a prática de esportes, sendo aplicadas de maneira criteriosa e individualizada".

O médico alertou que o consumo de bebidas energéticas industrializadas deve ser limitado, afinal, "não é um isotônico". Além disso, a cafeína pode viciar, levando à necessidade de doses cada vez maiores para se obter o mesmo efeito. "Tem gente que fica até com síndrome de abstinência", afirmou. "É preciso deixar claro que, apesar de as bebidas energéticas conterem cafeína, não devem ser ingeridas como o café na rotina diária", concordou a nutricionista.
Contra-indicações
Alessandra afirmou que, nutricionalmente falando, não há recomendação do consumo de bebidas energéticas, principalmente para pessoas enfermas, crianças, gestantes, idosos etc. "Os efeitos variam de acordo com a dose ingerida e a sensibilidade de cada um. A quantidade que deixa o jovem eufórico, para um idoso hipertenso pode levar ao aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, com maior risco de morte", explicou.

Além disso, a nutricionista do Hospital Nove de Julho comentou que a portaria nº 868/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga os fabricantes de bebidas energéticas a informar no rótulo que enfermos e idosos devem evitar seu consumo. Segundo ela, isto ocorreu após a descoberta de algumas irregularidades, como excesso de vitaminas e falta de comprovação das funcionalidades (pontecializadora, estimulante, melhora do desempenho etc).

Balada boa
Durante as festas e baladas, muita gente mistura o energético com bebidas alcoólicas para disfarçar o sabor do álcool ou para potencializar o efeito "de alerta" que ela possui. Segundo Schraibman, é justamente aí que está o maior perigo: "temos a depressão do álcool, mascarando seus sintomas, e a potencialização da cafeína. Além disso, a pessoa ingere a mistura e dificilmente se alimenta, levando a casos de desidratação e hipoglicemia. Tem gente que chega a desmaiar!", destacou.

Alessandra demonstrou preocupação com a crescente associação entre os jovens: "o energético pode esconder os sinais de intoxicação do álcool, evitando que a pessoa perceba que já bebeu demais, podendo levá-la ao coma alcoólico, seguido de morte. A longo prazo, esta combinação é um fator de risco para o desenvolvimento de dependência química do álcool".
Essa tal cafeína
Schraibman citou o guaraná e o gengibre como estimulantes naturais, que podem ser usados por aqueles que objetivam se manter mais despertos. Alessandra destacou o café, fonte de cafeína; chocolate (principalmente aqueles com maior teor de cacau); chás verde, mate e preto; e alguns refrigerantes, "cabendo a possibilidade de efeitos adversos no consumo de todos eles".

Embore leve a má fama, a nutricionista contou que a cafeína não é de todo ruim, visto que está presente em alguns medicamentos e estudos demonstraram que entre quatro e seis xícaras de café - grande fonte da substância - por dia são capazes de promover uma melhora do desempenho físico, estado de alerta e melhora neurocognitiva em atletas. Mas, ela também pode ter efeitos negativos, visto que acelera o metabolismo, tem ação diurética (pode levar à desidratação), entre outros. Além da substância, os energéticos também são ricos em açúcares e este é mais um motivo para controlar o consumo: podes colaborar com o aumento do peso.


Terra

Homens desempregados correm risco de morrer mais cedo

Ter um emprego é um sinal de saúde. Pelo menos é o que diz um estudo realizado no Canadá e nos Estados Unidos. Os pesquisadores avaliaram a relação entre desemprego e mortalidade e descobriram que os homens que perdem o emprego têm 63% mais chances de morrer mais cedo do que os demais.

O estudo foi feito pelo professor de sociologia Eran Shor, da Universidade McGill, no Canadá, em parceria com a Universidade Stony Brook, nos Estados Unidos. Ele avaliou pesquisas que traziam informações dos últimos 40 anos sobre 20 milhões de pessoas de 15 países – sobretudo ocidentais.

Segudo Shor, o que acontece é que o desemprego leva ao estresse e prejudica o status socioeconômico do desempregado, o que pode piorar sua condição de saúde e, assim, elevar as taxas de mortalidade.

Os resultados mostraram ainda que o risco de morte geral é maior em homens (78%) do que em mulheres (37%). Segundo Shor, esse risco é ainda maior para quem tem menos de 50 anos.

- Ainda hoje, a falta de um trabalho é mais estressante para homens do que para mulheres.

Shor explicou que, quando um homem perde seu emprego, isso significa, na maior parte dos casos, que sua família vai empobrecer e sofrer de várias maneiras. Essa situação afeta a saúde do homem ao elevar alguns hábitos, como a alimentação, o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas.

Para evitar essas mortes, o autor do estudo sugere que as autoridades de saúde realizem mais campanhas de saúde voltadas para esse público, incentivando testes de saúde, principalmente para detectar doenças cardiovasculares.


R7

Veja como conseguir remédios de alto custo pelo SUS

No Brasil, quem não tem como pagar por remédios ou tratamentos tem o direito, por lei, de recorrer à rede pública de saúde para obtê-los. O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza uma lista de 560 medicamentos que são distribuídos gratuitamente em todo o país em unidades de saúde, de acordo com o Ministério da Saúde.

Tais remédios são classificados em três grupos divididos entre básico (hipertensão e diabetes, são alguns), estratégico (Aids, tuberculose e hanseníase, por exemplo) e especializado (ou de alto custo), conforme o tipo de doença.

Só para os últimos, o ministério dispõe de 147 medicamentos direcionados para os casos mais raros e doenças raras, como Alzheimer, problemas pulmonares e cardíacos crônicos, denominados “medicamentos especializados ou de alto custo”. Segundo o ministério, esses remédios nem sempre condizem com os de maior preço, mais são assim chamados pelo nível de complexidade do tratamento.

Essa particularidade rende, por sua vez, muitas dúvidas da população de como consegui-los e de entender quando há negativas de recebimento por parte do governo. Isso acontece porque não basta aparecer com a receita médica em mãos para ter o remédio. Uma análise criteriosa é feita por órgãos responsáveis que decidem se concedem ou não o benefício. Esses critérios, nem sempre claros, costumam indignar setores de defesa do consumidor.

Para não haver mais dúvidas, o R7 consultou o Ministério da Saúde e os advogados especialistas em Direito da Saúde Tiago Matos Farina, diretor jurídico do Instituto Oncoguia e Vinícius de Abreu, representante jurídico da ONG Saúde Legal, que mostram todos os passos necessários para conseguir os medicamentos.

Aprenda a forma certa de pedir os medicamentos

Para solicitar os medicamentos, o paciente deve, primeiramente, estar cadastrado no SUS. Feito isso, ele deve levar alguns documentos (veja a lista abaixo) à unidade de saúde onde vai fazer o pedido. Vale saber, no entanto, que não é em qualquer unidade que se poderá fazer isso, pois somente em algumas ocorrem a entrega específica de medicamentos de alto custo. Fato que, segundo Abreu, da Saúde Legal, tira a agilidade do processo.

- O certo seria ministrar esses remédios em qualquer posto. Mas existe todo um protocolo que dificulta e as pessoas precisam utilizar outras armas, por vezes jurídicas, para conseguir os medicamentos.

Para entender como isso funciona, leia os dez passos indicados pelos especialistas.


R7

segunda-feira, 4 de abril de 2011

As conquistas de uma criança autista

Receber a notícia de que o filho é autista transforma as suas perspectivas de presente e futuro, mas é a partir dessa mudança que você pode apresentar um novo mundo para a criança. Conheça o dia a dia de uma família em que uma das filhas gêmeas tem o distúrbio

“Aqui mora uma família feliz.” As palavras talhadas na plaquinha de madeira que enfeita a porta do apartamento da pedagoga Luciana Nassif, 39 anos, e do comerciante Marcos Antonio Cavichioli, 46, em São Paulo, antecipam o clima que eu iria encontrar na casa dessa família, apesar da avalanche de sentimentos que tomou a todos nos últimos anos. Com um sorriso no rosto, um tererê ornando os longos cabelos lisos e castanhos, quem me recebe é uma das gêmeas do casal, Isabela, 8 anos. Assim que entro, sou convidada a conhecer sua irmã. No quarto, com a babá, Mariana se mostrou indiferente com a minha chegada. Mesmo com a insistência da mãe para que se virasse para mim, continuou com um olhar cabisbaixo. Mari Mari, como é carinhosamente chamada, é autista.

Ela está aprendendo agora a demonstrar e a receber carinho, por gestos. Mari Mari não fala. Ela tem um grau severo do transtorno do espectro autista, termo que os especialistas usam para se referir aos diversos graus que envolvem o autismo. Fica mais fácil entender se comparamos a um dégradé, desde cores muito escuras, em que se encontram os casos mais graves, até as cores claras. Por isso cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento. Para Mari Mari, que estaria na parte escura deste dégradé, é preciso ensinar o que parece tão corriqueiro. Há um ano, e pela primeira vez, a menina abraçou a mãe – um dos pilares do comportamento autista é a dificuldade de interação com o outro. É um abraço “adaptado”. Ela aceita o carinho, mas não cruza as mãos por trás das costas da pessoa. Em vários momentos da entrevista, ela corria, na ponta dos pés (um comportamento que começou aos 5 anos) para o colo da mãe, sorria, trazia o boneco predileto, gargalhava. O contato visual, o beijo, que não é aquele estalo no rosto, mas uma encostadinha apenas, demonstrações de interesse pela irmã e o sorriso presente no rosto eram cenas apenas sonhadas pela família até pouco tempo.

A mãe me conta, em tom de orgulho, as recentes conquistas da filha. Mari Mari não se incomoda mais se uma criança chega perto dela no parquinho, mesmo que prefira estar só, e ganhou autonomia para comer sozinha e “pedir” o que tem vontade, como quando leva o litro de leite até a mãe para que ela o esquente. “Pode parecer pouco, mas esse é um grande avanço”, diz Luciana. Não, não é fácil ter um filho autista. Mas o diagnóstico não é o fim, e sim um novo começo na vida de toda a família.
“Quando questionei o neurologista que a acompanhava sobre a possibilidade dela ser autista, ele disse que eu não sabia o que era uma criança com o transtorno. Nunca vou me esquecer disso.” Luciana, mãe de Isabela e Mari Mari
Onde tudo começa?

A ciência não descobriu, até hoje, a causa da doença. O que os especialistas concordam é a forte influência da genética na alteração do funcionamento do cérebro do autista. Alguns genes – e muitos foram identificados – podem ou ser herdados mutados dos pais, algo raro, ou sofrer novas mutações durante a formação do embrião. Mas não para por aí. Várias teorias são relacionadas a todo momento com o aparecimento do transtorno, mas nem todas são referendadas pelos médicos e nada é conclusivo. Alimentação, vacinação, infecções na gravidez e até intercorrências no parto ou nos primeiros anos de vida integram essa lista. As pesquisas relacionam até fertilização in vitro e prematuridade, como é o caso das gêmeas, que nasceram de 32 semanas.

Isabela saiu da maternidade em cinco dias. A irmã, nos mais de três meses em uma UTI neonatal, passou por uma cirurgia cardíaca e diversos exames, inclusive para detectar a existência de alguma síndrome por ter nascido com as orelhas mais baixas e os dedos levemente flexionados. Mari Mari, segundo os médicos, tinha atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Mesmo acompanhada por uma equipe multidisciplinar desde os seis meses, não mostrava avanços. “Ela gostava de ficar sozinha na escola e, aos 2 anos, teve a primeira convulsão (problema que afeta 25% dos autistas).” Aos 3, os atrasos ficaram evidentes e ela passou a balançar as mãos quando ficava nervosa. “Quando questionei o neurologista que a acompanhava sobre a possibilidade de autismo, ele disse que eu não sabia o que era uma criança com o transtorno. Nunca vou me esquecer disso”, diz. A avó materna das meninas, que desconfiava da existência de um problema maior, mostrou a Luciana uma reportagem sobre autismo. Depois de ler, ela agendou uma consulta com um dos especialistas entrevistados. Em 40 minutos e aos 4 anos e 7 meses, a família soube que Mari Mari era autista.

Essa trajetória desgastante não é incomum. Como não há um exame que detecte o transtorno, o diagnóstico é clínico, feito com base no comportamento da criança. E pode levar muito tempo para chegar a uma conclusão. “O ideal é descobrir o transtorno com cerca de 1 ano, quando os tratamentos dão resultados melhores”, diz Antonio Carlos de Farias, neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe (PR), pesquisador e coautor do livro Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes: Mitos e Fatos (Ed. Autores Paranaenses). Se identificado nessa fase, ou até os dois anos, a chance de a criança falar é de 75%. “No Brasil, estima-se que existam 1 milhão e meio de autistas, e menos de 5% recebem a assistência adequada”, diz Estevão Vadasz, psiquiatra, que estuda o assunto desde 1978, coordenador do Programa dos Transtornos do Espectro Autista, referência no país, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Segundo o Ministério da Saúde, uma a cada mil crianças é autista no Brasil. Dados internacionais, porém, mostram que essa incidência é de uma para cada 110.


Crescer

Cogumelo do sol é eficaz contra leishmaniose

O tratamento de leishmanioses ganha um novo aliado: formulações farmacêuticas produzidas com substâncias do extrato purificado do cogumelo do sol. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da cooperativa Minasfungi do Brasil estão testando as novas formulações in vitro e em camundongos infectados pela doença, e estão obtendo resultados promissores.

"Após o tratamento por via oral, animais infectados com a espécie Leishmania amazonensis apresentaram, em vários órgãos, redução mais acentuada do número de parasitas do que quando receberam medicamentos convencionais, como a anfotericina B", diz Eduardo Antonio Ferraz Coelho, um dos responsáveis pela pesquisa.

As substâncias que estão sendo testadas apresentam outros benefícios além da eficácia comprovada. Segundo os especialistas, as novas substâncias não apresentam efeitos colaterais. "Os testes indicam que não há prejuízos para células de mamíferos", revela o professor. A medicação à base do cogumelo preserva o macrófago, a principal célula parasitada pela leishmânia no hospedeiro mamífero. "O produto consegue agir diretamente sobre os parasitas dentro da célula hospedeira, sem que ocorra a ativação dos macrófagos parasitados", completa.

O tratamento para a leishmaniose é feito com os chamados antimoniais pentavalentes, que causam toxicidade cardíaca, renal e hepática. "É um protocolo doloroso para o paciente", esclarece Coelho. As aplicações do medicamento são feitas por via endovenosa ou intramuscular. "O tratamento é longo, durante o qual tem sido constatado aumento no número de casos de recidiva (recaída). O paciente pode até apresentar cura clínica, porém, após algum tempo, volta a desenvolver a doença", relata.

O cogumelo do sol, Agaricus brasiliensis, é um fungo típico da biodiversidade brasileira e seu consumo como complemento alimentar é aprovado pelo Ministério da Saúde. De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a leishmaniose é endêmica em 88 países, e segundo o Ministério da Saúde, Minas Gerais ocupa o segundo lugar no ranking do número de casos no Brasil.

Um pedido de patente para a nova formulação foi depositado pela UFMG. Não há previsão, no entanto, para o início de sua comercialização. Atualmente, os pesquisadores estão finalizando acordos para a realização de testes clínicos em cães.


Boa Saúde

O café da manhã perfeito para ter muita saúde!

A ciência refuta a tese de que o exagero à mesa está liberado no começo do dia. Só que deixa claro: o desjejum é essencial para ganhar disposição, debelar males como o diabete e até emagrecer

Imigrantes europeus, ao desembarcar no Brasil no final do século 19, trouxeram consigo o chamado café colonial — um cardápio farto e composto de pães, tortas, queijos, leite, frutas e carnes, entre outras delícias. Na época, refestelar-se com um banquete imediatamente após a aurora trazia a energia necessária às atividades braçais dos colonos, que começavam junto com o nascer do sol. Mas, ao longo dos anos, o trabalho deixou de ser fisicamente extenuante para muitas pessoas, enquanto a cultura de comer à vontade logo cedo atravessou gerações.

Como esse hábito veio do Velho Continente, nada melhor do que um pesquisador de lá para observar suas influências nos dias de hoje. Após analisar a dieta de 380 indivíduos, Volker Schusdziarra, da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, chegou a uma conclusão desanimadora: abusar da comida nas primeiras horas da jornada culmina, sim, em ganho de quilos. Segundo o cientista, mesmo quando se faz um ataque pesado à geladeira logo depois de acordar, geralmente não se diminuem as garfadas nas outras refeições. "Ou seja, para se manter na forma ideal, é necessário controlar as calorias já no desjejum", sentencia Schusdziarra.

Lidas de maneira simplista, essas palavras justificariam o jejum absoluto no nascimento do dia. Contudo, tal prática não tem nada a ver com saúde. À esquerda, você já se depara com um belo exemplo de alimentação matutina, que garante elementos essenciais ao organismo e que não faz a circunferência abdominal aumentar.

A importância de colocar algo dentro do estômago ao amanhecer é inquestionável em todos os sentidos, inclusive no do emagrecimento. "Existem fortes evidências científicas do seguinte: quem inicia o dia fazendo boas escolhas alimentares tende a comer bem nas demais horas", afirma Mariana Del Bosco, nutricionista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

"Por outro lado, pessoas que pulam o café da manhã dificilmente conseguem se controlar no almoço", completa a nutricionista Priscila Maximino, da Nutrociência Assessoria em Nutrologia, na capital paulista. O motivo disso é simples: a partir do momento em que fica vazio, o estômago manda sinais para o cérebro de que é preciso reabastecer seus estoques. E daí? Daí que, quando a privação de comida se estende por horas a fio, esses avisos vindos da barriga se tornam, digamos, cada vez mais contundentes. Resultado: guloseimas demais no prato e acúmulo de gordura na cintura.

Muito além da regulação da fome, uma refeição matinal equilibrada acelera o organismo como um todo. "A digestão aumenta em até 30% a atividade metabólica e influi inclusive na frequência cardíaca. Isso aumenta o gasto calórico e, portanto, contribui para o peso ideal", ensina a nutróloga Marcella Garcez Duarte, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), em Curitiba, no Paraná. Essa, aliás, é uma das razões pelas quais os especialistas recomendam fracionar as refeições, com um menor volume em cada uma delas. A dúvida, porém, sempre recai sobre a quantidade exata reservada para o café da manhã, até porque ela varia de acordo com a rotina de cada um.

Quem se exercita cedo, por exemplo, precisa de nutrientes extras para aguentar a sobrecarga. Mas, no fundo, para qualquer mortal, os especialistas indicam que pelo menos 20% das calorias diárias venham de itens devorados de manhãzinha (saiba mais no gráfico).

A porcentagem em questão serve para evitar exageros. Mesmo assim, não dá indicativos claros de como balancear os elementos do prato, outro fator essencial na busca por um corpo saudável e, claro, bonito. Para criar um menu salutar, como o ilustrado à esquerda, o jeito é apostar na diversidade. "Deve haver espaço para os carboidratos, presentes nos pães, as proteínas, encontradas no leite, os lipídeos, presentes na margarina, e também para as vitaminas e minerais, que estão nas frutas. Essas, assim como os cereais integrais, contêm fibras, que auxiliam no funcionamento do intestino", enumera Juliana Zanetti, chefe do Setor de Nutrição do Hospital São Camilo, em São Paulo.

Produtos lácteos, como o queijo, também trazem a vantagem de carregar doses avantajadas de cálcio. E a substância formadora dos ossos, de acordo com estudos recentes, ainda teria seu papel no afinamento da cintura. "Uma teoria é a de que ele auxiliaria na liberação de gordura", aponta Mariana Del Bosco.

Durante uma noite de sono, o corpo diminui seu ritmo. Mesmo assim, continua queimando energia — cerca de 80 calorias por hora — para cumprir tarefas básicas, como respirar. Logo, sem uma reposição de combustível, ele não ativa para valer todas as suas funções. "O cérebro é uma das estruturas que mais sofrem com isso. Ele precisa de glicose para manter sua atividade normal", ressalta Marcella Duarte, nutróloga da Abran. E, se a cabeça não está 100% ligada, fica complicado guardar histórias, apreender novas informações e raciocinar.

A falta de nutrientes compromete ainda a maneira como se encaram os compromissos diários. Afinal, sem nada para reabastecer a sua maquinaria, o organismo passa a economizar. E a primeira coisa a ser riscada da folha de pagamento atende pelo nome de disposição. "Com o funcionamento neuronal reduzido, a tendência é ficar quieto, sem vontade para fazer nada", arremata Marcella.


Saúde é Vital