quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

5 coisas que você deve saber sobre a Depressão

O que é a Depressão?
A depressão é diferente da tristeza normal que todos sentimos e a pessoa fica a maior parte do dia mergulhada em um estado de tristeza profunda e sem interesse ou prazer nas atividades de que gostava antes. A pessoa com depressão sente também fadiga e redução da energia, é muito comum que tenha sentimentos de culpa, mesmo sem razão nenhuma, e pensamentos de que não tem valor pessoal. Fazem parte da depressão alterações no apetite e no sono, e diminuição do desejo sexual. A pessoa com depressão tem dificuldades para concentração e para tomar decisões, tem movimentos corporais mais lentos, ficando muito mais “parada” fisicamente, às vezes pensa em planos de suicídio ou mesmo faz algumas tentativas.

Por quais razões a Depressão se desenvolve?
As razões do desenvolvimento da depressão são complexas, e incluem fatores biológicos (como, por exemplo, herdar genes que predispõe a pessoa a ser frágil frente a acontecimentos negativos), psicológicos (como distorções na forma de entender e interpretar as situações da vida) e sociais (por exemplo, falta de uma rede social de amizade ou de apoio). Podemos pensar em fatores predisponentes (uma tendência genética, ou uma infância difícil em uma família desestruturada) e desencadeantes (perdas importantes) que se somam, produzindo episódios de depressão. Uma pessoa que tem uma tendência genética muitas vezes não desenvolve depressão até que uma experiência estressante de perda funciona como um gatilho que desencadeia o transtorno.

Como sei identificar se alguém está com esse problema?
É muito importante reconhecer a depressão, pois muitas vezes as pessoas se envergonham, sentem-se culpadas por apresentar o transtorno, e fogem ou não procuram ajuda profissional – o que agrava a situação. Crianças e adolescentes também são acometidos desse mal, e neste caso muitas vezes um traço marcante é a irritabilidade.

Quem sofre a primeira crise, tem 50% de chance de voltar a ter depressão. Se a pessoa tem uma segunda crise, sua chance de ter uma terceira vai para 70%, e se recair uma terceira vez passa a ser de 90% de apresentar novas recaídas. Por esta razão, a depressão pode se tornar crônica se não tratada devidamente.

É fundamental procurar um profissional de saúde mental como um psicólogo e um psiquiatra para um diagnóstico adequado. Os sintomas de que falei anteriormente são úteis para se levantar a hipótese diagnóstica. Deve-se considerar a presença por mais de duas semanas de tristeza profunda na maior parte do dia, perda de prazer nas atividades, cansaço, falta de memória, dores de cabeça e no corpo, dentre outros sinais.

A Depressão tem tratamento?
Os tratamentos mais acessíveis e indicados para a depressão são a psicoterapia e a medicação. No caso de uma depressão mais grave, o uso de medicamentos é importante, pois pode existir risco de suicídio. A terapia vai ser sempre indicada como forma coadjuvante no tratamento, uma vez que não envolve efeitos colaterais indesejados e uma vez que aumenta a capacidade da pessoa em lidar com situações adversas na vida. O tempo de tratamento varia de acordo com o caso.
No Brasil, são mais de dez milhões de pessoas com este transtorno. No cenário mundial, calcula-se que até o ano 2020, a depressão será a segunda maior causa de incapacitação no mundo. Estima-se que pelo menos 15% da população adulta teve ou terá ao longo de sua vida um episódio de depressão, grave o suficiente para justificar o tratamento.

A quem devo buscar para pedir ajuda/auxílio?
Psicólogos e psiquiatras são os profissionais capacitados para tratar o transtorno depressivo. Os psiquiatras podem prescrever medicamentos adequados para a depressão, especialmente se for do tipo grave, combinado com alguma forma de psicoterapia. Os tipos de psicoterapia que já foram testados para o tratamento e que demonstraram bons resultados são a terapia cognitiva e a terapia comportamental, bem como a terapia interpessoal. Vale ressaltar que existem estudos que demonstraram que a terapia cognitiva é tão eficaz quanto os medicamentos antidepressivos no tratamento da depressão leve e moderada.

Marco Montarroyos Callegaro

Psicólogo, Mestre em Neurociências -Diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC), Presidente da Federação Brasileira de Terapia Cognitiva (FBTC)