quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vício em internet é problema crescente

Passar um tempo excessivo na frente do computador a ponto de transformá-lo no principal meio de interação com o mundo, aliviando suas tensões e depressões, perdendo o sono e o controle de suas relações interpessoais. O viciado em internet esquece do tempo diante do monitor, desenvolve um enorme desconforto emocional quando desconectado e se torna monotemático: fala, vive, se comunica e se relaciona através de dispositivos eletrônicos que acessem a internet. Em países como China, Japão e Coréia esses indivíduos já chamam a atenção dos responsáveis pela implantação de políticas em saúde pública. No Brasil, timidamente, o assunto começa a ganhar espaço, em uma velocidade inversamente proporcional ao aumento do número de usuários e tempo de acesso.
A dependência de internet é um diagnóstico experimental proposto em meados da década de 90 por Kimberly Young, pesquisadora americana que em 1996 fez um extenso trabalho com 2.500 alunos dos últimos anos do ensino médio nos EUA. “Inicialmente foi proposto uma série de critérios iniciais com base naqueles utilizados para abuso de álcool e drogas” explica Cristiano Nabuco de Abreu. “Depois é que se passou a utilizar critérios relacionados ao jogo patológico, com algumas adaptações”. A proposta desenvolvida por Kimberly teve rápida repercussão na época, que continua por força do crescimento do fenômeno. Dados da consultoria Kzero apontam para quase 600 milhões de usuários de jogos online no mundo, especialmente na faixa dos 10 aos 15 anos. “A maciça maioria do sexo masculino”, como diz Nabuco, pesquisador do tema e que ajudou a implantar um programa para reabilitação no Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
No caso dos jogos online, o fator viciante inicial é o desafio do jogo. Depois o problema é o chamado “desafio moral”. “Esses jogos são coletivos e como desistir é sinônimo de fraqueza, os usuários passam cada vez mais tempo para desenvolver seus personagens”, diz Nabuco. Outra coisa, aponta, é o fato que com o tempo e a idade a tendência desses indivíduos é migrarem para os sites de relacionamento. “Inicialmente projetava-se que a decorrência desse vício seria o acesso a sites de pornografia, mas hoje vemos que a grande maioria dos usuários migra pra sites como Orkut, Facebook, Twitter, entre outros, o que faz com que eles direcionem suas atividades sociais cada vez mais para a internet.”, afirma o pesquisador.
“Outro mito sobre vício em internet é a questão da idade”, diz Nabuco de Abreu. De acordo com ele, apesar do volume maior de pacientes ser constituído por adolescentes e jovens universitários, o número de adultos também é grande, havendo casos de pessoas com mais de 70 anos procurando ajuda. Para saber se você possui algum grau de dependência na internet, ou mesmo procurar ajuda, esteja atendo às dicas no site do AMITI ou faça o teste online. Uol