quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Você sabe identificar os primeiros sinais de anorexia?

Muitas vezes as pessoas ouvem falar sobre anorexia e pensam tratar-se de uma realidade muito distante de seus lares. No entanto, a anorexia, uma doença comum entre adolescentes do sexo feminino, muitas vezes não atinge proporções suficientemente alarmantes para chamar a atenção da família. É preciso ficar atento para os primeiros sinais de um transtorno alimentar que pode acarretar graves problemas de subnutrição.

As causas da doença podem ser as mais variadas, desde genéticas até psicológicas. A anorexia nervosa - perda de apetite ou recusa de se alimentar por razões nervosas - geralmente acomete meninas que se sentem insatisfeitas com seu próprio corpo, considerando-se gordas mesmo estando abaixo do peso normal. A doença é mais freqüente em classes sociais mais elevadas, surgindo após uma dieta alimentar (45% dos casos) ou por uma situação competitiva (40%). Algumas profissões são consideradas de risco, pois relacionam a magreza ao sucesso: é o caso das bailarinas e das modelos.

As pessoas com tendência à anorexia geralmente demonstram um comportamento especial que pode ser detectado desde cedo. Têm o hábito de fazer dieta mesmo quando o peso é proporcional à estatura, criticam constantemente algumas partes do corpo (especialmente abdômen, nádegas e coxas), fazem exercícios por mais de uma hora por dia e diminuem suas atividades sociais. É preciso ter muito cuidado na avaliação de um adolescente, pois a prática moderada de alguns desses hábitos faz parte da chamada "síndrome da adolescência normal".

Outros aspectos alarmantes são as pesagens excessivas, as medições de partes do corpo e o histórico médico familiar. Parentes biológicos de pessoas que tiveram anorexia têm uma pré-disposição para a doença, principalmente gêmeos idênticos. Estas pessoas também podem desenvolver um interesse peculiar pelos alimentos, colecionando receitas e cozinhando para a família, mas este interesse é inversamente proporcional ao consumo de alimentos.

O desenvolvimento da doença também pode se dar a partir de uma alteração psicológica devido a uma situação estressante, como a perda de um ente querido, rompimento conjugal, adaptação profissional ruim, relacionamento complicado com a mãe, entre outros.

A perda de peso nas pessoas anoréxicas ocorre geralmente através da redução da alimentação, limitada a frutas e verduras e por vezes chegando a um jejum total. Nos casos mais graves são adotados métodos adicionais de perda de peso, como a auto-indução de vômito, o uso indevido de laxantes ou diuréticos e a prática de exercícios excessivos.

Quando seriamente abaixo do peso, muitas pessoas apresentam sintomas depressivos como insônia, irritabilidade e perda do desejo sexual. No corpo as mudanças são facilmente percebidas: os cabelos ficam fracos, as unhas quebradiças, a pele seca e as extremidades do corpo geralmente ficam frias. Exames médicos podem indicar queda na pressão arterial, arritmias cardíacas, hipotermia, supressão da menstruação, intestino preso e diminuição na secreção de vários hormônios. Nos casos mais sérios as alterações orgânicas e metabólicas, devido à subnutrição, podem levar à morte. Estima-se que cerca de 10% das pacientes com anorexia nervosa vêm a falecer.

A primeira dificuldade do tratamento é convencer a pessoa anoréxica de que ela precisa de ajuda. Geralmente esses pacientes não têm consciência da gravidade do caso, e a idéia de ganhar peso lhes causa horror. A família deve tentar compreender a situação e fazer com que o ambiente se torne agradável ao paciente, ao invés de simplesmente obrigá-lo a comer. Os primeiros passos para a cura podem ser dados por um médico generalista ou um pediatra, acompanhado por um psicólogo que tentará modificar as idéias do paciente sobre seu corpo e alimentação. O médico deverá encorajar hábitos alimentares normais e metas para ganho de peso, sem que este seja o único foco do tratamento.

Se uma internação se tornar necessária, é feita uma dieta hipercalórica, correção de alterações metabólicas e utilização de antidepressivos, geralmente que tenham como efeito colateral o estímulo do apetite. Algumas pessoas recuperam-se completamente após um único episódio, mas na maioria dos casos as recaídas são freqüentes e um acompanhamento psicológico contínuo faz-se necessário.

Após o reestabelecimento do peso ideal, o paciente deverá manter uma alimentação saudável e equilibrada, ingerindo um mínimo de 1200 calorias por dia, distribuídas entre carboidratos, proteínas, frutas e legumes.