sexta-feira, 13 de novembro de 2009

De uma maneira geral, o refluxo ocorre em cerca de 2% a 10% dos lactentes"

O que é refluxo?
Pediatra Ricardo Lopes Pontes - O refluxo gastro-esofágico é um processo que representa a incompetência do esfincter inferior do esôfago, permitindo a volta do conteúdo gástrico para dentro do esôfago.
Quais suas causas?
O aparecimento do refluxo em crianças tem vários fatores. A causa mais freqüente é a flacidez temporária do anel muscular inferior do esôfago (normalmente essa válvula possibilita a passagem do alimento do esôfago para o estômago, mas impede que ele retorne. Em quem têm refluxo, a válvula falha, e o alimento pode retornar ao esôfago, juntamente com ácidos do estômago). Outras causas estão associadas, tais como a dieta líquida dos lactentes e o esvaziamento lento do estômago que é mais observado nos prematuros, além de fatores anatômicos.
Que conseqüências o problema pode trazer à saúde da criança?
A longo prazo, naqueles casos mais graves, o refluxo pode levar a problemas respiratórios (pneumonia, broncoespasmo) e ao aparecimento de úlceras esofagianas.
Por que esse é um problema comum na infância?
Devido a flacidez temporária do esfincter e o tipo da dieta, mais líquida, observados na infância.
Como tratar?
Atualmente, o tratamento do refluxo é feito com a utilização de remédios que bloqueiam a atuação do suco gástrico, outros que fazem com que o estômago se esvazie mais rapidamente, e anti-ácidos, que promovem um alívio dos sintomas. A dieta é um fator importante, e ela deve ser administrada em pequenos volumes com intervalos mais curtos. Leites, como o de vaca e em pó, podem ser misturados a cereais (aveia, maisena, creme de arroz) e utilizados desde cedo.
Qual a alimentação mais adequada para que a criança não sofra com o refluxo?
Devem ser evitados alimentos ácidos, condimentados, gordurosos - como frutas cítricas, mostarda, pimenta, frituras, entre outros. Cafeína e chocolate também não são recomendados, já que podem aumentar o relaxamento do esfincter inferior do esôfago.
O senhor tem números referentes à doença no Brasil e no mundo?
A prevalência da doença não sofre alterações significativas no Brasil e no mundo. Na primeira semana de vida, é muito comum a presença de vômitos e refluxo nos recém-nascidos, e cerca de 10% deles ainda apresentam esses sintomas em torno da sexta semana de vida. De uma maneira geral, o refluxo ocorre em cerca de 2 a 10% dos lactentes.
Quais as queixas mais freqüentes que chegam ao seu consultório em relação à criança com refluxo?
As queixas mais comuns que levam os pais a procurarem o pediatra são: pouco apetite, irritabilidade, choro durante as refeições, vômitos, dores abdominais e problemas respiratórios como tosse persistente, estridor, broncoespasmo e pneumonias de repetição.
GLOBO