terça-feira, 23 de novembro de 2010

Conheça os prós e contras de trabalhar sem carteira assinada - e veja se este estilo de vida combina com você

Quem decide seguir a trilha da trabalhadora autônoma ganha, logo de cara, um senhor presente: vira dona absoluta de sua força de trabalho. Em outras palavras, é livre para colocar preço e prestar serviço a quem desejar. E isso vale para advogadas, fonoaudiólogas, psicólogas, professoras, administradoras de empresas, até secretárias! De brinde, flexibilidade total de horários.

A jornalista Letícia Mendes, de 24 anos, está se dando superbem com esse esquema, para sua surpresa. ''Quando meu estágio acabou e eu não fui contratada, fiquei desesperada. Mas não é que acabei me adaptando muito bem? Pago INSS, previdência privada e tenho planos até de arrumar uma sócia.'' Ela conta que a principal vantagem, além de exercitar a agilidade, é poder organizar a vida pessoal como bem quiser. ''Sem falar que ampliei minha lista de contatos, já que me relaciono com muita gente. Meu único medo é não crescer profissionalmente.'' Bom questionamento, Letícia: qual a evolução de quem opta por ser autônoma? ''Também acontece por conta própria'', fala a psicóloga Rosana Bueno, diretora da RB Consultoria e Treinamento. ''Vale inscrever-se em cursos para aumentar a sua qualificação.''
Características para vencer

''Você não pode ser lenta, acomodada ou preguiçosa'', avisa Mosé. ''Hoje, a pior profissional, em qualquer situação, é aquela que não tem determinação e iniciativa. E isso se intensifica no mercado autônomo. Para se dar bem, é preciso estar antenada, ter boa aparência, pensamento ágil, correr atrás dos seus objetivos'', diz ela. De acordo com Rosana, é fundamental também aprender a lidar com a angústia gerada pela instabilidade, pois a quantidade de trabalho oscila mês a mês. ''Quando você está por conta própria, precisa manter a disciplina com relação a prazos, por exemplo, já que a responsabilidade é toda sua.''

Providências legais

''O mais indicado é trabalhar em casa e legalizar o negócio registrando-se como autônoma'', diz o consultor jurídico do Sebrae de São Paulo Paulo Melchor. Assim, passa a emitir notas fiscais e fica em dia com a Receita Federal. Ganhos de até 1 200 reais são isentos de impostos. A partir do momento em que comece a receber acima de 2 400 reais, vale abrir uma sociedade simples, com CNPJ (pessoa jurídica, ou PJ). E, nesse caso, precisa arrumar um parceiro.

Estratégia financeira

É essencial ter reservas para períodos de estiagem de trabalho ou de gastos extras. ''E separar pelo menos 10% do rendimento mensal para suprir a ausência de FGTS e 13º'', alerta Luiz Carlos Bueno. Além disso, aprender a cobrar, embutindo no preço do seu produto ou serviço despesas fixas extras, como telefone.

Alerta geral

Algumas empresas andam demitindo seus funcionários mas mantendo-os na casa, só que sem pagar benefícios. Isso é ilegal. Foi o que aconteceu com Bruna, a agente de viagens que foi demitida e teoricamente recontratada como autônoma. ''Continuo sentando na mesma mesa e obedecendo aos horários de antes, mas sem as garantias da carteira assinada'', lamenta. Apesar de ter um aumento de 50% sobre o valor do antigo salário, ela perdeu plano de saúde, direito a férias, 13º, FGTS e não ganhou a tal independência. E, aí, a troca não compensa. Acontece que pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), todos os empregados de uma empresa precisam ser registrados. Por isso, quem trabalha sem carteira assinada em um escritório, como ela, pode entrar com um processo.

NOVA