terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Bichos: apego exagerado sugere carência

Ter um animal de estimação em casa pode realmente ser uma ótima ideia. Eles trazem alegria para o lar, são ótimas companhias e, além de tudo, as crianças aprendem com eles a responsabilidade de cuidar de alguém e o valor da amizade. Mas, e quando o amor destinado a esses animais passa dos limites? De acordo com especialistas, é muito comum que as pessoas depositem uma quantidade enorme de amor nos bichos de estimação e, em casos mais extremos, vivam exclusivamente para cuidar destes animais. "Pessoas que apresentam um grau de depressão ou de carência muito elevado estão mais suscetíveis ao apego em excesso pelos seus bichos", diz o psicólogo Paulo Tessarioli. "Muitas vezes, essas pessoas vivem em função do sue animalzinho, esquecendo muitas vezes da sua vida social, por exemplo", diz.

De acordo com o especialista, amar e zelar pelo seu cachorro, passarinho ou gato é algo normal, o problema é quando esse sentimento é exagerado, prejudicando o equilíbrio emocional. "O amor é um sentimento humano. Por esta razão, muitos donos de animais de estimação, de fato, se vinculam amorosamente. Não é raro ouvir relatos de donos de animais como se estivessem falando de humanos. Isso não é errado, o problema é quando paramos nossa vida para dedicar o amor somente ao bicho", explica.

Dependência afetiva
O amor exagerado pelos animais de estimação é bem parecido com a dependência de outra pessoa, seja pelo namorado, amigo ou por algum parente. "Da mesma forma que existem pessoas que dependem de outras, existem aquelas que dependem dos seus animais de estimação. Isto acontece, na maioria das vezes, por causa do apego, ou seja, quando o amor é confundido com dependência afetiva. A pessoa acaba dependo daquilo para se sentir feliz", explica o psicólogo.

A história da dona de casa Marli dos Santos é um exemplo de como o apego demasiado pode gerar atitudes na mesma proporção. "Meu passarinho morreu depois de cinco anos morando comigo. Eu fiquei super chateada com a situação, não sabia o que fazer e nem imaginava minha vida sem ele. Não tive tempo de levá-lo até um veterinário, já que, quando eu acordei, ele já estava morto. Como eu não sabia o que fazer, decidi embrulhá-lo no papel alumínio e deixá-lo congelado no freezer. Ele ficou assim por dois dias, até que eu encontrei coragem para enterrá-lo", conta ela

O exagero
Cancelar compromissos, não visitar lugares que não permitam a entrada de animais e parar a vida para ficar em companhia do animal de estimação são alguns dos hábitos de quem não tem uma relação saudável com o bicho. "Já atendi pacientes que deixavam seus compromissos pessoais de lado por não poderem levar o seu animal de estimação junto. Sem contar que permitiam que seus animais ditassem as regras na casa, por exemplo, estranhando visitas e até mesmo assumindo espaços comuns como se fossem seus", conta o psicólogo.

Procure ajuda
De acordo com Paulo Tessarioli, a primeira atitude é se convencer de que o exagero pode ser prejudicial. "Analisar sua postura com seu animal de estimação é o primeiro passo. Se o problema for com outra pessoa, vale tentar conversar, mas sem forçar a barra". A ideia é mostrar que existem outras coisas na vida além daquele bicho. Mas, alguns casos pedem ajuda profissional. "Quando a pessoa não consegue se desligar do animal, seja por qualquer motivo, o melhor a fazer é procurar um especialista, já que problemas como depressão, desapego à realidade e solidão podem estar envolvidos". Bem Estar