segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Proteja o seu Coração

Além dos vilões já conhecidos, as complicações cardiovasculares podem estar relacionadas com outros inimigos ocultos, dos quais pouco se fala. Conheça 9 fatores de risco para o ataque cardíaco e aprenda como é possível se prevenir.

Estresse, poluição, instabilidades emocionais e até problemas de pele podem estar relacionados às doenças cardiovasculares, consideradas hoje a maior causa de mortalidade no país, juntamente com outras patologias do aparelho circulatório. "Perdemos aproximadamente 300 mil vidas em razão de complicações desta natureza, o que representa 38% a 40% dos óbitos na população brasileira. A segunda grande causa de mortalidade - que reúne todos os tipos de câncer - representa praticamente a metade, atingindo 20% a 24% da população", alerta o cardiologista Antonio Mendes Neto, presidente da regional de Santos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

Os eventos popularmente conhecidos como ataques cardíacos nada mais são do que uma interrupção, temporária ou não, no funcionamento do coração. "São causados principalmente por isquemias - quando há uma interrupção súbita do fluxo sanguíneo - ou arritmias - descompassos nos batimentos cardíacos, que não necessariamente precisam estar acelerados", esclarece Mendes Neto.

ATENÇÃO AOS RISCOS
Em razão de sua magnitude, os problemas cardiovasculares têm despertado a atenção dos especialistas e os estudos na área não param de trazer novas evidências a respeito de suas causas. E, nesse ponto, as conclusões dos levantamentos internacionais e nacionais apontam para um consenso em relação aos principais fatores de risco. Tanto a avaliação Interheart (2004), aplicada a mais de 30 mil pessoas em 35 países dos cinco continentes - incluindo o Brasil -, quanto o estudo Afirmar (2003), realizado em 104 hospitais de 51 cidades do país, advertem para o perigo.
representado pela associação de maus hábitos à mesa e sedentarismo, além de alertarem para o risco representado pelo cigarro. Segundo os especialistas, mais de 90% dos ataques cardíacos seriam prevenidos se estes e outros descuidos fossem observados e contornados com mudanças de atitude. "Embora a predisposição genética seja um fator importante, temos muitos outros elementos que chamamos de modificáveis e que interferem de maneira decisiva nesse processo", afirma o cardiologista Miguel Antonio Moretti, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Mas o que as pesquisas recentes têm mostrado é que, além desses fatores já conhecidos, outros perigos também ameaçam a saúde do coração. Ficar atento a todos esses vilões é uma maneira certeira de garantir a longevidade e a qualidade de vida. E mais: as orientações valem mesmo para aqueles que nunca apresentaram nenhum tipo de distúrbio. "O peso da carga genética deve ser considerado. Mas, de certa forma, a exposição contínua e prolongada a fatores de risco deixa qualquer pessoa vulnerável", completa Moretti. Conheça, a seguir, alguns dos principais inimigos da boa saúde do coração e saiba como preveni-los.

1 Estresse
É um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças coronárias. "Causa uma elevação da frequência cardíaca, provocada principalmente pela descarga de substâncias derivadas da adrenalina, as catecolaminas, no sangue. Com isso, há um aumento significativo do consumo de oxigênio pelo músculo do coração, o que pode levar a um espasmo da artéria - uma diminuição temporária no diâmetro do calibre do vaso sanguíneo -, interrompendo parcialmente o fluxo de sangue", explica Ricardo Pavanello, supervisor do setor de Cardiologia Clínica do Hospital do Coração (HCor). O alívio das tensões pode vir por meio da prática de atividades físicas e de lazer. Rever a rotina, buscando modificar ou neutralizar as fontes de desgaste mental excessivo, também é uma excelente pedida. Um exemplo prático de como mudar: se você vive constantemente aflito por chegar atrasado ao trabalho, em razão do trânsito, acostume-se a acordar mais cedo, para fazer o mesmo trajeto com tempo de sobra.

2 Contraceptivos orais e terapias de reposição hormonal (TRH)
Mulheres que usam hormônios constantemente e por períodos prolongados estão mais propensas a desenvolver problemas cardiovasculares, especialmente em decorrência das tromboses venosas profundas. Entretanto, os medicamentos mais modernos, com baixíssimas dosagens hormonais, têm efeitos colaterais menores. "Diversos estudos mostram que essa parcela da população está mais suscetível à formação de coágulos nas veias, principalmente nas pernas. O problema é desencadeado pela diminuição no fluxo do sangue e pelo aumento de sua viscosidade. Mais ou menos seis milhões de tromboses desse tipo são detectadas por ano, a maioria delas sem sintomas", adverte Pavanello. O cigarro, quando combinado a um contraceptivo oral, é capaz de potencializar esses efeitos. "O uso de contraceptivo oral pode aumentar de duas a quatro vezes a incidência de trombose venosa profunda", completa Marcos Knobel, coordenador da Unidade Coronária do Hospital Albert Einstein. Pacientes que fazem uso de anticoncepcionais e das terapias de reposição - em razão de uma menopausa extremamente sintomática - devem continuar o tratamento. Porém, como prevenção, é importante que façam um controle rigoroso das funções cardiovasculares, por meio de exames periódicos. Viva Saúde