sábado, 17 de outubro de 2009

A arte da tolerância

A tolerância na vida moderna é uma virtude de poucos. Basta olhar ao redor: em família, no convívio social, no trabalho, no trânsito, no lazer, e até com quem mais nos preocupamos, somos, geralmente, intolerantes.
De acordo com a psicóloga Eudelucy Leal existem alguns fatores que justificam esse comportamento: “Uma pessoa intolerante possui muitas vezes comportamentos agressivos, de irritabilidade e teimosia. A falta de tolerância gera discórdia porque há uma invasão do direito alheio. O limite é ultrapassado, há a incapacidade de compreensão mútua ou própria, falta de empatia, e até de nosso próprio temperamento”, analisa.
Não há dúvida de que a intolerância está ligada ao estresse do dia-a-dia, em que muitas vezes não abrimos mão de nossas crenças e convicções. Para a psicóloga, ter um tempo para si mesmo é um remédio eficaz. “Quando vivemos nossa vida, dando ênfase a ela, com tempo dedicado a trabalho, lazer, família, estudo e atividades físicas, nos reservamos a cuidar de nós mesmos. Isso faz com que paremos mais de nos preocupar com a vida alheia, e com certeza, deixamos a intolerância mais recalcada”, recomenda.
_escolha
Mas será que ser tolerante é uma questão de vontade e maturidade? A psicóloga defende que sim. “O homem pode se fazer tolerante se tem disposição para sê-lo. A tolerância pode vir com o amadurecimento, a partir do momento em que se permita conhecer e aprender sobre cada tipo de ação e fala do outro. É questão de vontade e, além de qualquer coisa, de saber e querer respeitar o direito alheio”, pondera.
A família também deve fazer sua contribuição se perceber que alguém próximo está cada vez mais intolerante. “É um suporte muito importante em nossas vidas, pois serve de veículo para mostrar-nos a realidade que não conseguimos ou não queremos enxergar. Porém toda a ajuda não deve ser responsabilidade apenas dela, mas do próprio indivíduo”, afirma.
A divergência de idéias é comum, mas geralmente causa conflitos e situações desagradáveis, até para nós mesmos. “Muitos intolerados se sentem fora dos padrões, e tendem a se isolar, causando, assim, depressão, personalidade anti-social; e têm seu emocional afetado de alguma maneira”, explica Eudelucy.
_sem neuras
A convivência pacífica pode nos tornar menos estressados, mais abertos à troca de experiências, sem agredir ao outro, mesmo quando não estamos bem. “Tem dia em que não acordamos de bem com a vida, e não suportamos a nós mesmos, mas no dia seguinte estamos com outro ânimo, outra forma de pensar e agir. Somos seres inconstantes, em eterna transformação”, ilustra.
De acordo com a psicóloga a ‘cura’ está em nós mesmos, na nossa capacidade de ter paciência, autocontrole e inteligência para discernir até onde foi nosso limite. “Devemos deixar de procurar e observar defeitos, quando se pode ver muitas qualidades”, completa.
PARADOXO