terça-feira, 8 de setembro de 2009

Alzheimer:quando o cuidador é Familiar

Quando se assume o papel de cuidador familiar a questão dos cuidados é complicada e naturalmente difícil.

Nesta relação existem fortes laços emocionais. É, por isso, importante que os cuidadores tenham consciência dos problemas que terão de enfrentar e do que está subjacente a todos os comportamentos de uma pessoa com a doença de Alzheimer.

Os sintomas e as características desta doença, foram descritas pela primeira vez em 1906 numa comunicação oral pelo médico psiquiatra e neuropatologista alemão Alois Alzheimer.

Trata-se de uma doença degenerativa que resulta da perda acelerada das células cerebrais. Porém, as características da doença manifestam-se e decorrem de formas diferentes, variando o seu grau e ritmo de evolução de doente para doente. Ainda assim, podem ser indicados três estádios dentro da sua evolução: ligeiro, moderado e grave.

Em termos gerais, a 1ª fase, com uma duração média de 3 anos, é caracterizada pelo aparecimento de uma série de sinais de alerta que correspondem à perda crescente da memória e que consequentemente vai provocar ansiedade e depressão no doente sobretudo por este estar consciente da perda de faculdades mentais.

Numa 2ª fase verifica-se um agravamento da perda de memória especialmente no que diz respeito a acontecimentos recentes. O doente sente-se desorientado no tempo e no espaço, apresenta dificuldades nas actividades de vida diárias e começa a ser perceptível um certo tipo de afasia. Negligenciam a higiene pessoal e podem vaguear de um lado para o outro. A ansiedade aumenta, as mudanças de humor são súbitas e imprevisíveis e podem apresentar sintomas de psicose como é o caso das alucinações. Esta fase pode durar de 2 a 10 anos.

Na 3ª fase, últimos anos de vida, acrescem os sinais de doença do sistema nervoso, o doente encontra-se profundamente desorientado e confuso incapaz de tomar conta de si próprio e com necessidade de cuidados a tempo inteiro.

Chegando a este ponto os cuidados de família deixam de satisfazer as necessidades e são inevitáveis os cuidados especializados com estratégias de acção adequadas que a serem adoptadas aliviam o sofrimento quer do doente quer do familiar que até ali desempenhava o papel de cuidador.

Importa aqui salientar que um acompanhamento especializado nos estádios 1 e 2 pode retardar o avanço da doença para a fase seguinte, pelo que tal situação não deve, precipitadamente, ser colocada de parte.

E porque todos temos limites, o que não significa falta de amor, carinho e preocupação para com o ente querido, na verdade o desgaste chega a todos, e a Si também!

Deve por isso aferir se precisa de ajuda. Observe as suas respostas às questões que se seguem e reflicta sobre o grau de necessidade de ajuda para Si e para o seu familiar Doente de modo a facilitar a merecida qualidade de vida a ambos.

- Tenho pouco tempo para mim?
- Tenho ajuda de outros familiares?
- Sinto que não estou em condições de dar as respostas adequadas?
- Sinto com frequência frustração, raiva, tristeza ou culpa?
- Entro em conflito com o doente/ente querido de quem cuido?

Lembre-se que existem doenças incuráveis, mas não existem doentes intratáveis. É por isso de extrema importância ir ao encontro de apoio adequado não negligenciando as necessidades de um e de outro.

Existe todo um desgaste físico, mental e emocional associado a um familiar que assume o papel directo de cuidador e que a dada altura se depara com uma situação para a qual não está preparado.

De facto, e na maioria das vezes, o que se pensa estar em condições de fazer hoje, amanhã poderá ser impossível e a solução que num dado momento sente ser satisfatória, pode já não servir quando surgem outros sintomas.