terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em adultos

Você já ouviu falar de déficit de atenção em adultos? Vários médicos também não. Mas saiba que ele pode estar no olho do furacão que transforma a vida conjugal de muita gente em um caos

Seu marido vive no mundo da lua e não presta atenção no que você diz? Ele se distrai com facilidade e precisa de ajuda para se organizar? Sua mulher mexe pés ou mãos sem parar? Está sempre atrasada e se esquece com frequência de pagar contas da casa ou de buscar as crianças na escola? Calma, antes de começar mais uma briga de casal, considere a possibilidade de procurar a ajuda de um especialista em um distúrbio chamado transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, ou TDAH — sim, aquela doença considerada exclusivamente de crianças até pouco tempo atrás. É que seu companheiro ou companheira pode sofrer desse mal.

Por longos anos, a americana Melissa Orlov sentiu na pele o drama de conviver com um portador de TDAH sem saber, mesmo trabalhando diretamente com psiquiatras da Universidade Harvard especializados em défi cit de atenção e hiperatividade. E só conseguiu dar uma guinada em seu casamento depois de reconhecer o problema do marido — e tratá-lo. “Saímos de um relacionamento verdadeiramente miserável para alcançarmos uma vida bem mais feliz”, conta a SAÚDE! a hoje consultora de casamentos. A experiência permitiu a Melissa escrever o livro The A.D.H.D. Effect on Marriage (em tradução livre, Efeitos do TDAH no Casamento), que acaba de ser publicado nos Estados Unidos.

Em seu trabalho, sem previsão de lançamento em português, a autora compara o cônjuge com défi cit de atenção a uma criança que precisa de ajuda para quase tudo. Ela relata que a distração, a desatenção e a desorganização são motivos de conflitos permanentes na vida a dois. “Essa inconstância frequente do parceiro faz com que os casais que convivem com a doença tenham um risco dobrado de se separar”, constata Melissa. Segundo a psiquiatra Gabriela Dias, pesquisadora do Grupo de Déficit de Atenção (Geda) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, há uma distribuição desigual de tarefas e responsabilidades na família. “Além da sobrecarga, o parceiro de um portador de TDAH se sente ressentido, rejeitado e ignorado porque todos confundem déficit de atenção com desleixo, preguiça e desinteresse”, explica Gabriela.


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