quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Filhos de fumantes

Os pesquisadores têm cada vez mais convicção dos males provocados pelo fumo. E todo mundo sabe que o cigarro não faz mal só aos adeptos da prática, como também a quem inala a fumaça. Quem mais sofre com este mau hábito são as crianças, que ainda estão com o sistema imunológico em formação.

O cigarro tem cerca de 4.700 substâncias tóxicas, algumas delas cancerígenas. E quem fuma passivamente levam muitos desses malefícios pra casa. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as toxinas ficam no organismo do fumante passivo por pelo menos 48 horas!

As crianças são ainda mais suscetíveis ao males da fumaça alheia. "Os filhos de mães que fumam, geralmente, são mais enfermos. As principais doenças que atingem estas crianças são as infecciosas de repetição, como rinite, bronquite, asma ou qualquer outra doença pulmonar, além de morte súbita infantil", afirma Clóvis Eduardo Tadel Gomes, pneumologista do Hospital Sabará, localizado em São Paulo.

Outros dados da OMS informam que o fumo é o vício mais comum entre as mulheres e tem aumentado entre as mais jovens. Além disto, apenas 20% delas abandonam o vício durante a gestação. Dado chocante é que o leite de mães fumantes possui três vezes mais substâncias prejudiciais do que o sangue delas.

"Mães que fumam durante a gestação podem sofrer de infecção intra-uterina e o feto, muito provavelmente, nascerá abaixo do peso e medida" diz Clóvis. A coordenadora de Divisão de Tabagismo do Inca, Valéria Oliveira, explica que um único cigarro fumado pela gestante aumenta os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. "Se a gestante persistir fumando, o risco pode se agravar, resultando em sangramentos ou até mesmo na morte do bebê", alerta.

Ainda sobre os males do fumo durante a gravidez, Silvia Cury, responsável pelo Programa de Cuidado Integral ao Fumante do HCor de São Paulo, acrescenta que a criança pode ter, ao longo do desenvolvimento, problemas motores. "E a mãe pode ter descolamento de placenta, ou amadurecimento precoce da placenta, dificultando o desenvolvimento do bebê", completa.

Basta que um dos pais seja fumante para prejudicar o parceiro e o bebê que está por vir. "O outro será bastante afetado em sua fertilidade também, já que se torna um fumante passivo. Isso sem mencionar os riscos para o bebê, principalmente se for menina. A fumaça do cigarro tem um efeito altamente prejudicial no desenvolvimento das trompas de falópio, podendo comprometer todo o sistema reprodutivo feminino quando na fase adulta", ressalta Valéria, no INCA.

Pais ou responsáveis que se preocupam com a saúde das crianças, devem evitar, ao máximo, fumar na presença delas, principalmente em lugares fechados como, em casa. "O ideal seria os pais não fumarem nunca, muito menos próximo aos filhos. As crianças seguem o exemplo dos pais. Se eles fumam, provavelmente os pequenos fumarão também. Além de haver a hipótese de que as crianças expostas a muita fumaça de cigarro possam desenvolver uma dependência química" declara Clóvis Eduardo.

Silvia Cury, do HCor, lembra que pesquisas comprovaram que 70% dos fumantes têm pai ou mãe fumante. Este dado mostra como as ações dos pais influenciam nas escolhas dos filhos. Deixar o hábito pra trás é obrigação de quem quer ter a vida - e os filhos - saudáveis!

Por Bianca de Souza (MBPress)



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