quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Adolescentes x cirurgia de redução do estômago

Você já ouviu falar em cirurgia bariátrica? Se não, deve conhecer a operação como cirurgia de redução do estômago. Nos últimos anos, ela vem se tornando bem popular no país, inclusive entre os mais jovens.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só em 2009, 1500 cirurgias desse tipo foram realizadas em brasileiros com menos de 20 anos.

O número representa 5% do total das operações realizadas - em média, 30 mil por ano - O que chama a atenção nesses números é exatamente o fato de tantos adolescentes terem se submetido a esse procedimento. A quantidade poderia ser até maior, já que legislação só permite essa cirurgia após os 16 anos. A razão talvez seja simples: nossas crianças e adolescentes estão mesmo mais pesados. 21,7% dos jovens, entre 10 e 19 anos estão acima do peso ideal. A coisa piora entre os pequenos de cinco a nove anos. Mais de 30% estão de mal com a balança.

O aumento do número de adolescentes adeptos a essa operação pode ter causas diversas, como aponta Vladimir Schraibman, especialista em gastrocirurgia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Cada vez mais, os hábitos alimentares estão equivocados, as crianças se alimentam de forma errada, consumindo alimentos fast food; elas sofrem pressão em um mundo muito mais competitivo, pais mais ausentes por questões profissionais, o que provoca maior ansiedade e incorreções alimentares, etc."

De acordo com Thomas Szego, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a cirurgia para redução do estômago é recomendada para pessoas com IMC (Índica de Massa Corpórea, calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado) acima de 40. "E também para quem apresenta IMC entre 35 e 40, mas tem doenças ligadas à obesidade - diabetes tipo 2, hipertensão arterial, problemas articulares, apneia do sono, entre outras", explica. "O paciente deve ser muito bem avaliado pela equipe clínica".

Quando recomendada, a operação pode sim trazer benefícios para o paciente. "A cirurgia bariátrica ajuda na diminuição da capacidade de se ingerir alimentos, proporcionando uma redução gradativa do peso e do apetite", explica Vladimir, que é orientador de Cirurgias Robóticas da área de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo do Albert Einstein.

Mas, como toda operação, a cirurgia bariátrica tem riscos. Portanto, só deve ser feita sob indicação médica. Os pais e o paciente também ajudam nessa escolha. Todos devem se reunir e decidir o melhor para a saúde física e psicológica do adolescente acima do peso.

Para evitar complicações, vale tomar alguns cuidados no pré e pós-operatório. Antes de optar pelo procedimento cirúrgico, os pacientes "devem ter um bom preparo clínico e, em especial, psicológico", alerta Thomas Szego. O acompanhamento pós-operatório por um médico atencioso e minucioso é o fator mais importante para resultados adequados e a satisfação do paciente. "Além disso, é necessário manter um programa de atividade física, também sob orientação de um profissional, para que os objetivos sejam alcançados e mantidos", observa Vladimir.

Quem não respeita esses cuidados pode sofrer sérias consequências, como aponta o gastro cirurgião do Albert Einstein. "Os problemas vão desde anemia a hipovitaminose, passando por depressão, desnutrição e anorexia".

Então, é importante que qualquer paciente, seja adolescente ou adulto, pense muito bem antes de decidir passar pela cirurgia de redução do estômago. Ouvir a opinião de especialistas e de pessoas que já tiveram essa experiência também pode ajudar. Porém, antes de recorrer a uma operação, é melhor tentar emagrecer de maneiras mais simples, como através de uma boa dieta e exercícios físicos adequados. Seu corpo e sua mente só têm a ganhar.

Por Priscilla Nery (MBPress)



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