sexta-feira, 18 de junho de 2010

"Viagra feminino" deve encorajar mulheres a buscar tratamento contra falta de libido

Ainda é cedo demais para dizer se a eventual aprovação do “Viagra feminino”, droga que está em análise pelo FDA (Food and Drug Administration) - órgão regulador de medicamentos nos EUA, terá efeito comparável ao das pílulas contra disfunção erétil. Mas uma coisa é certa, de acordo com os especialistas: a existência de um remédio contra a falta de desejo sexual fará uma parcela enorme de mulheres que guardam segredo sobre o problema tomar coragem para buscar ajuda.

“Se algum medicamento para disfunção sexual feminina chegar ao mercado, as mulheres finalmente poderão fazer frente aos homens no que se refere à possibilidade de tratamento”, estima a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), ligado à USP (Universidade de São Paulo).

Com o lançamento, os bloqueios sexuais da mulher seriam assunto mais frequente nos consultório médicos. Justamente o que ocorreu, há cerca de uma década, com a chegada dos remédios contra impotência no mercado. Antes disso, o homem com dificuldade de ereção levava, em média, quatro ou cinco anos para procurar ajuda. “Coma chegada das pílulas, esse tempo se reduziu pela metade, o que ainda está longe do ideal”, observa a psiquiatra.

O recente “Estudo da Vida Sexual do Brasileiro”, coordenado por Abdo, indica que metade das mulheres apresentam alguma dificuldade sexual de forma persistente. O problema mais comum é a dificuldade de excitação (26,6%). Em seguida, aparecem a dificuldade de atingir o orgasmo (26,2%), a dor durante a relação sexual (17,8%) e o desejo sexual diminuído (9,5%). No entanto, apenas 5,4% dessas mulheres tentaram tratar o problema.

Considerando outro dado da pesquisa, o de que 96% das mulheres brasileiras consideram o sexo uma prioridade para a harmonia do casal, é possível concluir que há muitos relacionamentos em risco. “Temos visto cada vez mais mulheres que chegam ao consultório afirmando que o relacionamento com o parceiro é ótimo, mas falta desejo sexual”, confirma o ginecologista e sexólogo Gerson Lopes. Também é comum que muitas mulheres com dificuldade de atingir o orgasmo (problema que afeta praticamente metade das jovens até os 25 anos) desenvolvam, ao longo do tempo, uma diminuição da vontade de fazer sexo. Uol Saúde