segunda-feira, 17 de maio de 2010

Má alimentação e sedentarismo não determinam obesidade

Sempre ouvimos dizer que uma alimentação balanceada e uma boa rotina de atividades físicas garantem um relacionamento amigável com a balança. Acontece que, de acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP), da USP, essa equação pode não ser tão simples assim.

O estudo relacionou o consumo de determinados alimentos e o padrão de atividade física com o excesso de peso num grupo de adolescentes de Piracicaba, no interior de São Paulo. Surpreendentemente, não foram verificadas relações diretas entre um padrão alimentar inadequado e o hábito de vida sedentário com o excesso de peso.

Carla Cristina Enes, autora da pesquisa, disse em entrevista à Agência de Notícias da USP, que esperava que os adolescentes sedentários, que consumissem maior quantidade de doces e refrigerantes, apresentassem maior ganho de peso. Enquanto aqueles mais ativos fisicamente, que consumissem mais frutas, legumes e verduras ganhassem menos peso.

O resultado
Não houve relações entre má alimentação e sedentarismo com excesso de peso. Entre 2004 e 2005, foram entrevistados 256 adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 10 e 16 anos, de escolas estaduais no município de Piracicaba. Foram aplicados questionários para obter informações sobre consumo alimentar, prática de atividade física, tempo dedicado a atividades recreativas de baixa intensidade (TV, videogame, computador), entre outras questões.

A pesquisadora esperava encontrar associações entre o padrão de atividade física, mais especificamente em situações de sedentarismo, com o excesso de peso. Entretanto essa relação não foi verificada.

Carla ressalta a importância das pesquisas sobre hábitos alimentares e atividade física devido à complexidade de fatores que causam a obesidade. Segundo a própria nutricionista, a doença é fruto da exposição acumulativa a diferentes fatores de risco durante as primeiras fases da vida. E sua prevenção ainda na adolescência é fundamental para controlar outras doenças crônicas e conduzir à melhoria da qualidade de vida da população.

Sendo assim, de acordo com a pesquisa, a identificação dos fatores ambientais que favorecem a ocorrência da obesidade podem ser importantes na implantação de políticas públicas mais efetivas na tentativa de se conter o crescimento da obesidade entre os jovens.

* A pesquisa foi orientada pela professora Betzabeth Slater Villar e defendida no Departamento de Nutrição da FSP como tese doutorado em abril de 2010. Terra Saúde