terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Os benefícios dos exercícios na água

Correr, malhar e pedalar dentro d’água. Sim, isso é possível e está se tornando cada vez mais comum. Sobe a onda das atividades aquáticas que, devido à procura, tem se espalhado pelas academias Brasil afora. Essa crescente demanda se justifica: o exercício físico realizado dentro de uma piscina é benéfico à mente e ao corpo, sobretudo às articulações, que são poupadas de grandes impactos. “Isso porque a ação da gravidade é reduzida no meio líquido”, lembra o ortopedista Arnaldo Jose Hernandez, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para ter uma ideia, se a água estiver no nível do ombro, é como se o peso do corpo diminuísse em 90% — e a gente fica leve feito uma pluma. “O resultado é uma menor sobrecarga nas pernas e nos braços, o que é ótimo para quem sofre com doenças articulares como artrite e artrose”, diz o fisiatra Gilbert Bang, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Os indivíduos com excesso de peso, problemas nos joelhos ou na coluna também podem desfrutar desse mergulho numa boa. Por falar em coluna, pesquisadores da Faculdade de Educação Física de Wroclaw, na Polônia, recrutaram 94 crianças de 8 a 13 anos, todas com escoliose, um desvio postural. Elas seguiram um programa que, além da tradicional natação, incluía exercícios de correção para a escoliose na piscina. Depois de seis meses, os especialistas constataram que houve uma melhora significativa no problema. É que malhar dentro d’água contribui para restaurar o equilíbrio e a estabilidade do centro corporal.

Apesar de sua aparente fluidez, o meio líquido exerce uma força considerável sobre o corpo, que atua como uma resistência aos movimentos, trabalhando os nossos músculos por completo. “É como se estivéssemos fazendo séries típicas da musculação, com a vantagem de trabalhar toda a musculatura de uma vez só”, compara Maurício Garcia, fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo. E por causa dessa mesma resistência muitos dos exercícios aquáticos queimam mais calorias do que os realizados em terra firme. O gasto calórico médio pode variar de 260 a 700 calorias por hora — tudo depende do tipo de treino escolhido (veja a nota Tchibum!).

Além de incinerar calorias, exercitar-se na piscina promove aquele relaxamento, sobretudo quando a água é aquecida. “A temperatura ligeiramente elevada dilata os vasos sanguíneos, melhorando a circulação e, de quebra, o transporte de oxigênio para os tecidos”, conta Ricardo Cury, ortopedista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Assim, a sensação agradável de calor chega mais rápido ao hipotálamo, lá no cérebro, o centro que interpreta os estímulos prazerosos. Sem falar que a atividade física por si só faz o organismo liberar endorfina, substância que alivia as dores e aumenta a disposição.

A água também produz um efeito massageador. “E essa espécie de massagem trabalha a consciência corporal e alonga os membros”, atesta José Kawazoe Lazzoli, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Tudo isso combinado funciona como um petardo de bem-estar contra o estresse, a ansiedade e até a depressão.

Além desse relax total, o esforço despendido na piscina fortalece o coração e melhora a função respiratória. “Quem mais ganha com isso são os portadores de doenças como hipertensão, asma e bronquite”, opina o fisiologista Paulo Zogaib, médico do setor de medicina esportiva do Centro de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Mas, antes de banhar-se nesses benefícios, é aconselhável tomar alguns cuidados básicos. A avaliação médica é fundamental para verificar as potenciais restrições, como ferimentos de pele, infecções e osteoporose. “Nesse último caso, o problema está no baixo impacto, que impede a produção da massa óssea. O certo, aí, é optar pela corrida ou pela musculação no solo”, orienta Camila Coelho Greco, coordenadora do curso de Educação Física da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. Salvo essas exceções, as atividades aquáticas estão liberadas para qualquer um. Quando se mantém a frequência correta — no mínimo três vezes por semana, com aulas de 30 minutos a uma hora —, a melhora no condicionamento e o esvaziamento dos pneuzinhos podem ser notados após umas seis semanas. “Para não se desapontar com os resultados, basta elaborar um programa individualizado junto com o educador físico ou fisioterapeuta, conforme seu objetivo e capacidade física”, recomenda Gilbert Bang. Daí, é só mergulhar de cabeça nessa onda! Para conquistar os benefícios de um exercício físico, nem é preciso suar a camisa. Conheça as modalidades aquáticas que, de um jeito gostoso e eficaz, afastam os quilos a mais, as dores nas costas e até a pressão alta. Revista Crescer