quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Tratamento do câncer de próstata pode aumentar o risco de problemas cardíacos

Um estudo apresentado esta semana no Congresso da Organização Europeia de Câncer indica que a terapia hormonal usada para tratar homens com câncer de próstata avançado está associada a um aumento nos riscos de ter diversos problemas cardíacos. Na maior e mais abrangente pesquisa sobre o assunto, que incluiu mais de 30,6 mil homens suecos com câncer de próstata local avançado ou metastático, os pesquisadores concluíram que os médicos precisam considerar os efeitos colaterais cardíacos quando prescrevem terapia endócrina para pacientes com câncer, e, inclusive, recomendar que esses pacientes consultem um cardiologista antes do início do tratamento.

"Se observarmos o efeito causal, então, para todas as terapias hormonais juntas, estimamos que, comparado com o que é normal na população geral, cerca de dez eventos extras de doença cardíaca isquêmica por ano irão surgir para cada mil pacientes com câncer de próstata tratados com essas drogas", declarou a epidemiologista Mieke Van Hemelrijck, líder do estudo.
Ela destaca, porém, que nem todos os tipos de terapia estão associados ao risco de problemas cardíacos na mesma intensidade.
"Descobrimos que drogas que bloqueiam a testosterona de se agregar às células da próstata estavam associadas com o menor risco cardíaco, enquanto aquelas que reduzem a produção de testosterona foram associadas a um maior risco", explicou a autora, destacando que isso traz implicações para a escolha do tratamento.
De forma geral, os resultados indicaram que pacientes tratados com a terapia hormonal tinham 24% maior risco de ataque cardíaco não-fatal, 19% de ter arritmia, 31% de ter doença cardíaca isquêmica, e 26% mais chances de desenvolver insuficiência cardíaca. A probabilidade de morrer de infarto foi 28% maior, de morte por doença cardíaca seria 21% mais elevada, por insuficiência cardíaca era 26% maior, e o risco de morrer por arritmia era 5% maior. Outro aspecto interessante é que os que já tinham doenças cardíacas teriam menos efeitos adversos dessa terapia, segundo os autores, pelo fato de tomarem medicamentos que podem proteger contra esse aumento no risco cardíaco.

"Precisamos de estudos que verifiquem a associação e explore os mecanismos biológicos plausíveis", destacou a epidemiologista Van Hemelrijck. "Assim, saberemos qual o melhor uso desses tratamentos de acordo com o histórico do paciente de vários tipos de doença cardíaca, e se seria uma boa ideia dar aos pacientes medicamentos cardíacos para contra-atacar esses efeitos colaterais". Boa Saúde