segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Criança acima do peso tende a ter asma

Muito peso, pouco fôlego Estudos revelam um estreito elo entre a obesidade infantil e a asma. Portanto, prestar atenção no peso do seu fi lho é também uma maneira de evitar que ele passe pelo maior sufoco.

Diabete, hipertensão, colesterol elevado, baixa autoestima e... agora esta asma! Não bastassem tantas encrencas relacionadas à obesidade na infância, sintomas como falta de ar e chiados no peito passaram a engordar a lista. Se há alguns anos o aumento no número de gordinhos e de asmáticos era observado isoladamente, hoje os trabalhos científicos feitos mundo afora mostram um forte vínculo entre os dois, conta Antonio Carlos Pastorino, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, na capital paulista, e presidente do Departamento de Alergia e Imunologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Um desses estudos, envolvendo crianças de 5 a 10 anos de idade, acaba de ser concluído aqui no Brasil, mais precisamente na Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista. Para a nutricionista Daniella Fernandes Camilo, a autora da investigação, não foi coincidência o fato de 21% dos gordinhos participantes se queixarem da ausência de fôlego. Ambos os problemas podem ser desencadeados pelo estilo de vida desequilibrado e pelos hábitos alimentares, constata. O pediatra Dirceu Solé, professor da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, e coordenador do Grupo Nacional do Estudo Internacional de Asma e Alergia na Criança (Isaac), também relaciona a obesidade a dificuldades respiratórias, mas faz questão de afastar um equívoco: O gordinho tende a se cansar mais facilmente, o que não significa que seja asmático, ressalta.
A asma é classificada pelos especialistas como uma doença crônica inflamatória. Ela acomete uma das estruturas pulmonares, os brônquios, que, inflamados, acabam mais contraídos. E aí vem aquele aperto: o ar mal e mal consegue entrar. Tampouco sai com facilidade daí o sibilo, que anuncia o extremo esforço para expulsar o ar cheio de gás carbônico vindo dos pulmões.
Parece existir ainda outro ponto de interseção entre asma e obesidade: a genética. O pediatra Antonio Carlos Pastorino conta que alguns trabalhos mostram que ambas as doenças têm genes em comum. Assim, se estão gravadas no DNA e a criança já acumula gordura, o certo seria manter distância pra valer de fatores que propiciam as crises asmáticas. Ácaros, mudanças bruscas de temperatura, infecções e até mesmo o estresse podem ser o gatilho, enumera o pediatra Cid Pinheiro, responsável pelo serviço de pediatria do Hospital São Luiz, na capital paulista, e professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Diante das fortes evidências da ligação entre os quilos extras e a doença dos pulmões, passar um pano úmido em todos os móveis e manter os cômodos livres de pó e de mofo passa a ser uma atitude preventiva prioritária na casa onde mora uma criança gorducha. E, claro, ajudá-la a perder peso faz parte das recomendações. Para isso, não há mágica. A receita é bem antiga, por sinal: A garotada deve comer direito desde muito cedo, ensina Daniella. Oferecer uma variedade de frutas e hortaliças logo nos primeiros anos de vida é uma medida bastante eficaz.
NÃO É PARA FICAR PARADO
A prática de atividade física também precisa ser estimulada. Nada de permitir que a criança fique horas e horas vendo TV ou na frente do computador. Essa dupla, segundo os especialistas, é a grande vilã da epidemia de obesinhos cujo número de casos não pára de inflar. Os exercícios são mais do que bem-vindos, inclusive para aquela criança que já teve crise asmática. Aliás, lá se vai o tempo em que apenas a natação era recomendada para os asmáticos. Quando a doença está sob controle, não há restrições, mas é o pediatra quem pode indicar a melhor modalidade, afirma Pastorino. Seja qual for ela, a queima de calorias - acredite vai funcionar como um excelente remédio para recuperar o fôlego. Saúde Abril