domingo, 20 de setembro de 2009

Pênis é alvo de fobia rara

A pessoa fica paralisada, tem taquicardia, sudorese, tremores, sensação de desmaio e até o próprio desmaio. Esses sintomas lembram uma crise de pânico ou alguma fobia. Quase. É fobia, sim, mas um tipo bem raro, a falofobia. Falo + fobia = pênis + aversão (mais que medo). Ou seja, é o medo irracional do membro masculino e das situações a ele relacionadas.

A princípio, é comum imaginar que isso acontece com uma mulher que teve traumas ou sofreu alguma violência sexual. Assim, desenvolve aversão ao pênis. Não necessariamente. "A falofobia pode acontecer com homens e mulheres, às vezes sem ter violência presente", disse a psicóloga e sexóloga Carolina Gonçalves de Freitas, de Brasília, que, em seus dez anos de atendimento clínico, recebeu apenas uma paciente com esse quadro. "Antes eu só tinha conhecimento teórico sobre esse problema."
A falofobia, portanto, não tem como base uma simples relação de causa e efeito. A fobia sexual vai além: está conceituada, segundo a psicóloga, pela evitação e aversão em ter sexo com parceiros (as), situação em que estão presentes sentimentos de repulsa, ansiedade e medo. O problema não está só ligado à relação: a pessoa pode ter medo de olhar o pênis (ereto ou não), chegar perto, imaginar ou fazer sexo oral. "Dependendo do grau de medo, a pessoa não consegue ter relação sexual, pois não consegue nem ver o pênis. E o sexo começa pelo desejo", afirmou Carolina.
Se não são experiências sexuais ruins ou violência, o que causa a falofobia? Essa é uma pergunta ainda cheia de mistérios, como a mente humana. "Nesse caso, entramos na categoria de todas as fobias. E o componente muito forte em qualquer fobia é a ansiedade", disse a profissional. Segundo ela, não há, portanto, um motivo específico que possa desencadear essa fobia.
Tratamento
Assim como outras dificuldades sexuais, a falofobia pode ser tratada. Os sintomas e conflitos por ela disparados podem ser compreendidos e trabalhados. Para isso, é necessária, em primeiro lugar, a motivação pessoal. A conversa sobre o assunto também é um grande passo em busca da melhora.
Entre as formas de tratar o problema, está a terapia cognitiva comportamental, cujas técnicas geralmente são usadas nos tratamentos de todas as fobias. Na dessensibilização, é verificado por escala o limite de ansiedade da pessoa, até onde ela não dá mais conta. Ou seja, são apresentadas situações para ela ir aprendendo a lidar até chegar ao topo. Por exemplo, na escala de um a dez são colocadas as situações mais tranquilas para se trabalhar primeiro com o paciente. Ele aprende a superá-las e, quando chegarem as mais complicadas, será mais fácil lidar com elas. "Nesse caso, vai depender também do medo da pessoa: se é de olhar, de pênis ereto ou da relação sexual."
Nas fobias sexuais, Carolina disse que também se trabalha com a história de vida das pessoas, sua sexualidade e suas expectativas. "Às vezes, esbarramos na questão da educação sexual. Não é natural, mas as pessoas têm o costume de colocar medo nas crianças e nos adolescentes, como se sexo fosse um bicho-papão. Essa é outra questão a ser trabalhada juntamente com a fobia."
Exatamente por entrar no âmbito da educação, dos valores e da cultura de cada um, a fobia sexual é mais difícil de ser tratada, pois encontra resistência do paciente em falar sobre o assunto. "A paciente com falofobia que está em tratamento há um mês e meio chegou ao meu consultório e já falou sobre o assunto. Então foi possível detectar a fobia específica imediatamente, o que facilita o tratamento", disse Carolina. Se o paciente, no entanto, tiver dificuldade para falar, é preciso trabalhar isso antes, para que ele se solte e fale, e só depois tratar a fobia. Terra