sábado, 1 de janeiro de 2011

Dicas simples para se fazer entender e resgatar o diálogo em família

Você já teve aquela sensação de que um fala grego e o outro chinês dentro da sua casa?

Nunca reparou que no final de uma discussão com seu irmão, pai, mãe ou marido, ambos estavam falando sobre a mesma coisa? Em pleno século 21, com celular "faz tudo", internet e imãs de geladeira aos montes, ainda nos perdemos por falta de comunicação.

A comunicação é feita basicamente de dois momentos: saber falar e especialmente saber ouvir. Mas a pressa e a pretensão de que você foi claro ou de que entendeu as meias palavras fazem com que você ouça o que não foi dito ou tire conclusões baseadas em sua experiência própria ou no famoso achismo:

Ah, mas eu achei que você tivesse dito que ia chegar às dez da noite (quando o que o outro disse foi que chegaria tarde)
Quem disse que eu queria comer nhoque? - Mas você não falou que queria macarrão?
Já comprei as passagens! - Quem vai viajar? Eu achei que só estávamos fazendo planos!

Esses pequenos exemplos muitas vezes desencadeiam discussões estéreis e sem fim, porque no fim das contas todo mundo quer ter razão. A conversa se transforma num amontoado de argumentações para justificar o que começou de forma errada: a comunicação pela metade, equivocada ou cheia de "ruídos", quando cada um entende da forma como é mais conveniente ou quando quem fala não é objetivo ou transmite duplas mensagens em sua fala.

Pequenos truques

É preciso reeducar-se para que a família, os casais e mesmo as relações de trabalho sejam menos estressantes.

Mas isso não precisa virar um problema. Basta que um comece... você, por exemplo! E tudo pode mesmo ficar lúdico, inclusive. Falei em imã de geladeira porque os pequenos lembretes ou recados podem ser escritos e "grudados" na geladeira, um utensílio doméstico que invariavelmente todos usam dentro de casa. Deixar um papel (de bom tamanho) com o nome da pessoa para quem é dirigido o recado com letras grandes e o recado com letras bem menores, funciona bem. O nome é fundamental, vai chamar a atenção do dono do recado. E o recado em letras menores vai obrigar quem lê a prestar atenção. Isso é só um truque, mas funciona!

Os recados por torpedo podem ser mais eficientes que telefonemas, quando não se tratar de emergências. Escrever um torpedo obriga você a prestar atenção no que escreve, então vai procurar ser o mais claro possível.

Não se pode desprezar o momento tecnológico em que vivemos. Mesmo a comunicação em família acaba podendo ser mais eficaz através de e-mails, por exemplo, já que os horários podem não combinar e pela manhã normalmente cada um está concentrado em seus afazeres para não se atrasar para o trabalho ou para o colégio.

Resgatando o diálogo

Mas obviamente, esses artifícios jamais podem substituir o diálogo direto. Recados rápidos ou lembretes na geladeira se prestam mais a organizar a vida em família do que a promover o estreitamento dos laços.

E é através do diálogo direto que podemos aprender a ouvir. Tem um ditado que diz que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca que é para a gente ouvir mais e falar menos. A ansiedade em ser ouvido faz com que tenhamos monólogos e não diálogos."A ansiedade em ser ouvido faz com que tenhamos monólogos e não diálogos."

Nunca busque um papo com a televisão ligada, por exemplo. Televisão é "um ser" hipnótico, sabemos disso, e vamos perder metade do que está sendo dito.

Procure nunca falar sobre assuntos densos ou que certamente vão gerar discussão durante as refeições. Esse é um momento para conversa leve e divertida, para que todos falem um pouco sobre variedades, contem um ou outro episódio do dia.

Uma das formas de comunicação amorosa mais eficazes que existe é através do silêncio. Dar-se as mãos, acolher num abraço gostoso, abrir espaço para sentir antes de começar a conversar é uma boa pedida. Deixar o ambiente propício para um bom papo através da calma, do relaxamento, é quase garantia de se fazer entender e ouvir com clareza.

Se apenas um membro da família pede que fale um de cada vez, logo todos descobrem a importância de ouvir.

Tente criar o hábito de reunir a família por uma hora nos fins de semana. Algo espontâneo, uma sugestão, para que ninguém se sinta obrigado, afinal isso deve ser um prazer e não uma obrigação.

Fale prestando atenção no que fala, não se deixe atropelar por seus pensamentos. Fale com cuidado, com carinho. Coloque intenção nas coisas que diz. Logo verá como muita coisa pode se transformar à sua volta. Fale baixo para ser ouvido. Experimente!

Celia Lima
Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico
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