quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O teste do pezinho

É OBRIGATÓRIO E AJUDA A PREVENIR QUE DOENÇAS TRATÁVEIS ACABEM RESULTANDO EM PROBLEMAS SÉRIOS
As condutas preventivas em medicina vêm ganhando cada vez mais importância, principalmente quando se trata de criança. Como já diz o ditado popular, “é melhor prevenir do que remediar”. Quase todo mundo já ouviu falar do “teste do pezinho”, feito no recém-nascido ainda na maternidade. Como quase nunca se explica como funciona, vou falar um pouco sobre ele aqui na coluna.

Introduzido no Brasil por Schmidt, Krinsky e Diament, em 1975, passou a ser obrigatório no Estado de São Paulo em 1983; depois, em todo o país. O exame visava a identificação precoce de dois erros inatos do metabolismo, o hipotireoidismo congênito e a fenilcetonúria, por meio do exame laboratorial de uma gota de sangue colhida do calcanhar do bebê. O teste permite que essas doenças sejam tratadas a partir dos primeiros dias de vida, evitando alterações e sequelas futuras no desenvolvimento da criança, com repercussões na vida adulta.

Os erros inatos metabólicos são anormalidades que ocorrem na formação de substâncias importantes, com participação no desenvolvimento dos sistemas de órgãos do corpo e nas funções que desempenham. Essas substâncias são produzidas no organismo por uma cadeia de reações bioquímicas que utilizam enzimas (“fermentos”) para a sua formação. A falta ou diminuição de uma referida enzima prejudica etapas dessas reações, impedindo a fabricação da substância final essencial para o desenvolvimento de um determinado órgão e função. No caso da fenilcetonúria, haverá deficiência na formação da tirosina, um aminoácido essencial para o desenvolvimento cerebral, determinando crises convulsivas e deficiência mental. A partir do diagnóstico precoce, com a introdução de dieta adequada, esses prejuízos poderão ser contornados.

Mais recentemente, o teste ampliou-se ("teste do pezinho plus") e vem sendo realizado abrangendo um maior número de doenças, incluindo as relacionadas à hemoglobina, aminoácidos e outros problemas que poderão ter orientação e tratamento precoces. Além de permitir um atendimento imediato a esses problemas, é importante alertar que a grande maioria dessas doenças tem características genéticas e hereditárias. Ou seja, existe a possibilidade de ocorrer em futuras gestações ou mesmo em filhos de outros familiares. Nesse sentido, é sumamente importante a sua realização em todos os recém-nascidos. O benefício será para eles próprios e para toda a família. A prevenção ainda é o melhor caminho. Faça e confira o resultado do teste do pezinho do seu filho.

Dr. Saul Cypel