quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sexo programado para engravidar

Adeus preservativos, pílulas, tabelinhas! Transar sem a preocupação de engravidar traz uma enorme sensação de liberdade para o casal. Tudo fica ótimo até que… Bem, quando a gravidez não vem, a independência dá lugar ao sexo programado - com dia certo para acontecer. O que era prazer vira tarefa, um "trabalho" carregado de ansiedade, geralmente seguido da dúvida "não deveria ser mais fácil?". "Após os exames concluírem que o casal não tem problemas para conceber, o sexo programado é o primeiro procedimento indicado", afirma a ginecologista Cláudia Gazzo. O tratamento consiste em acompanhar de perto o ciclo menstrual da mulher, monitorando a ovulação por meio de exames de ultra-som seriados e dosagens dos níveis de hormônios no sangue e na urina. Em alguns casos, estimulam-se os ovários com medicamentos. "O objetivo é aumentar a precisão do dia fértil", diz o ginecologista Ricardo Barussi. Diante do arsenal terapêutico oferecido pela reprodução assistida, o coito programado é a técnica menos arrojada. "Dos males, o menor", resume Cláudia. Simples assim? Nem sempre.

Pressão masculina

Para a psicóloga Débora Seibel, o desejo de ter filhos não deve interferir na qualidade de vida do casal. "Transar cansada, dolorida por causa dos medicamentos ou brigada com o marido, só para não perder o dia fértil, não dá. Melhor esperar o próximo mês", acredita. Ela recomenda, ainda, que o casal não esqueça do sexo espontâneo. Caso contrário, existe o risco da reprodução tornar-se o único atrativo da relação sexual, deixando o prazer e a intimidade para segundo plano.

Segundo o ginecologista Barussi, a pressão maior recai sobre os homens. "A mulher não depende da vontade para ter relações, o que não ocorre com o homem". Para aumentar as chances de gravidez, o casal deve ter relações em dias alternados, a partir do primeiro dia da ovulação. Se ela for induzida, o medicamento leva entre 36 e 48 horas para agir. Isso significa que, quando aplicado de manhã, o ideal é transar à tarde e à noite do dia seguinte. Não existe, portanto, hora exata para engravidar e, sim, dia exato, o que contradiz a ideia de que o marido terá de sair correndo de uma reunião importante de trabalho, no meio da tarde, para encontrar a mulher ou vice-versa. "Basta que, à medida do possível, o médico ajuste o coito programado ao cotidiano do casal", diz Cláudia.

Mais criatividade

Eventualmente, o período fértil coincide com épocas pouco produtivas em outros setores da vida, afetando o desejo sexual. Nessas ocasiões, criatividade faz diferença. Investir no erotismo ajuda, principalmente nos dias em que o casal está meio desanimado, ajuda, porém só vai funcionar se a gravidez for realmente um projeto a dois. O casal pode desperdiçar a chance de engravidar quando, por exemplo, um deles está com dor de cabeça. A explicação é óbvia: quando um não quer, dois não fazem. Às vezes, porém, não há jeito. Para alguns, quando chega o dia fértil, a tensão é tanta que, sexo, só mesmo por obrigação. "O lado bom é que depois a vida sexual retorna à normalidade", conclui Débora. O desafio, portanto, é ultrapassar os obstáculos. Até porque, se o casal está bem, tem mais vontade de transar - não importa quando. Revista Crescer