domingo, 23 de agosto de 2009

Pacientes com lúpus eritematoso devem realizar exame oftalmológico completo e de rotina

O lúpus eritematoso é uma doença inflamatória de causa desconhecida caracterizada por lesões na pele (manchas vermelhas semelhantes às de urticária) e que pode causar também mal-estar, febre, fadiga, emagrecimento e falta de apetite. O paciente com a doença pode, também, apresentar comprometimento oftalmológico, geralmente benigno, em pacientes ambulatoriais. Porém, podem existir casos potencialmente graves que levem à cegueira irreversível. Além das alterações oftalmológicas induzidas pela doença, as drogas utilizadas para o tratamento sistêmico do lúpus são potencialmente danosas para o olho. Isso é o que mostram Tatiana Klejnberg e Haroldo Júnior da Universidade Federal do Rio de Janeiro em um estudo que teve como objetivo verificar a prevalência das alterações oculares em 70 pacientes com lúpus eritematoso em acompanhamento ambulatorial.

Ao analisarem a queixa oftalmológica principal dos pacientes, os pesquisadores observaram que entre os 46 sintomáticos, 43,5% apresentavam sintomas considerados como relacionados ao quadro de olho seco, entre eles, ardência, dor ocular, prurido, sensação de corpo estranho e ressecamento, demonstrando ser a queixa de olho seco a mais comum entre os pacientes lúpicos. A catarata foi a segunda queixa principal, estando presente em 41,4% dos pacientes. “Apesar de a síndrome do olho seco e a catarata terem sido as alterações oftalmológicas mais encontradas, a primeira parece estar mais relacionada ao lúpus em si, enquanto a segunda possivelmente se relaciona ao uso crônico de corticoesteróides para o tratamento da doença”, afirmam os autores em artigo publicado na edição de março/abril de 2006 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.

Tatiana Klejnberg e Haroldo Júnior pontuam, no texto, que “o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória crônica, idiopática, multissistêmica, caracterizada por uma variedade de manifestações clínicas e associada à hiperatividade do sistema imunológico e produção de diversos auto-anticorpos. A incidência estimada varia de 1,8 a 20 ou mais casos por 100.000 indivíduos por ano, variando conforme a população estudada. Entre 80% a 90% destes pacientes são mulheres em idade fértil, com idade média de 30 anos”.

Os especialistas alertam para a importância do acompanhamento oftalmológico: “para os pacientes com a doença sob controle, o dano oftalmológico parece estar estreitamente relacionado ao tratamento sistêmico utilizado, o que corrobora a importância da indicação de exame oftalmológico completo e de rotina mesmo nestes pacientes”.