sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Leite orgânico tem mais ômega-3 do que versão convencional

Quase ninguém duvida que os produtos orgânicos são mais saudáveis, justamente por não conterem agrotóxicos. Mas um estudo da Universidade Newcastle, na Inglaterra, descobriu que as vantagens do leite orgânico vão além: a bebida certificada contém níveis mais altos de ácidos graxos benéficos à saúde, como ômega-3 e gordura poliinsaturada. Além disso, quem toma leite orgânico ingere menos gordura saturada (a grande vilã do sistema cardiovascular) do que quem prefere o leite produzido de maneira convencional, ou seja, com o uso de herbicidas, adubos artificiais e medicamentos veterinários.

A pesquisa, publicada no Journal of Dairy Science, também concluiu que a qualidade do leite ingerido pelos ingleses está mudando devido às mudanças climáticas. Os cientistas encontraram mais gordura saturada e menos ácidos graxos benéficos na bebida produzida durante um verão com mais chuva e temperaturas mais baixas (em relação à média histórica) e no inverno seguinte a esse verão atípico. “Essas condições climáticas podem afetar o comportamento das vacas, reduzindo a ingestão de capim e a produção de leite”, afirma Gillian Butler, pesquisadora responsável pelo estudo. “Para manter a oferta de leite, os fazendeiros geralmente aumentam a alimentação artificial dos animais”, completa.

Com essa descoberta, novamente, a versão sem agrotóxicos ganhou pontos. Os efeitos negativos das mudanças climáticas são menores no leite orgânico. Para receber a certificação, os fazendeiros devem alimentar o gado principalmente com pasto natural, o que melhora a composição da bebida. “Optar por laticínios orgânicos é uma boa maneira de aumentar a ingestão de gorduras benéficas, vitaminas e antioxidantes, diminuindo de 30% a 50% as gorduras saturadas”, diz Gillian.

Livre de resíduos
Independentemente dos benefícios nutricionais do leite orgânico, somente o fato de não conter químicos em sua cadeia produtiva já faria dele uma opção mais saudável. Muitas fazendas convencionais utilizam herbicidas para controle de parasitas, adubação artificial e produtos veterinários (como antibióticos, antiinflamatórios e hormônios de crescimento), que deixam restos tanto na carne quanto no leite que chegam às nossas casas. “O resíduo fica na pastagem e passa para o animal. São cancerígenos”, afirma Mônica Florião, pesquisadora mestranda em ciências veterinárias e colaboradora da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio).

Segundo Mônica, todo o tratamento de pragas e doenças na produção orgânica é feito de maneira natural, com homeopatia, fitoterapia e até mesmo acupuntura. As entidades certificadoras de alimentos orgânicos permitem o uso de, no máximo, 15% de produtos convencionais para esse controle. Por isso, é tão importante verificar se o alimento que você compra no supermercado ou na feira perto de casa tem um selo de certificação. No Brasil, há algumas instituições certificadoras, como o Instituto Biodinâmico (IBD), a Ecocert e a Associação de Agricultores Biológicos (Abio).


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