domingo, 27 de junho de 2010

Uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas

O Ministério da Saúde lançou uma nova campanha de incentivo à doação de sangue. Com o lema "Doe sangue, faça alguém nascer de novo", ela conta com o depoimento de pessoas que tiveram suas vidas salvas graças à transfusão de sangue. A campanha está na TV e também em outras mídias, como jornal, rádio e propagandas de rua. Mas para que tanta mobilização?

Cada vez mais a demanda por sangue aumenta nos hemocentros - e ultimamente os estoques têm baixado. O aumento de 58,3% nos transplantes nos últimos seis anos (de 2003 a 2009) e o crescimento da população estão entre os fatores que fazem o país precisar cada vez mais de sangue para transfusão, de acordo com o Ministério. São coletadas por ano 3,5 milhões de bolsas de sangue no Brasil, sendo que a quantidade necessária é 5,7 milhões.

Apenas 1,9% da população é doadora de sangue no país. Mesmo estando este porcentual dentro do parâmetro da Organização Mundial de Saúde (OMS) - de 1% a 3% da população - é urgente e possível aumentar o número de doadores: se cada pessoa doasse duas vezes ao ano, não faltaria sangue para transfusão no país, segundo o Ministério da Saúde.

De acordo com a coordenadora do hemocentro da Unifesp, em São Paulo, Rudneia Alves, a baixa está se agravando nos últimos meses devido, principalmente a alguns fatores. O frio, que somado às vacinações da gripe comum e da H1N1, retardam as doações (tendo em vista que a vacina da gripe exige que a pessoa não doe sangue em 30 dias e a da H1N1, 48 horas). Além da Copa do Mundo, que esvazia totalmente os hemocentros nos dias de jogos. "Temos percebido uma queda de, em média, 20% nas doações nestes últimos meses", explica Rudneia.

Não custa nada e vale muito

A falta do estoque de sangue em um hospital pode levar ao cancelamento de cirurgias e de procedimentos. Um exemplo é o doente que faz quimioterapia, já que, caso não receba o suporte de transfusão, poderá não resistir ao tratamento. "Além disso, pode ser um enorme prejuízo ao paciente o adiamento de cirurgias cardíacas, de transplantes de rim, de fígado, de medula óssea, entre outros procedimentos que necessitam de sangue e de plaquetas", diz a biomédica Cinthya Duran. Uma pessoa adulta possui em média cinco litros de sangue e em uma doação são coletados no máximo 450 ml. Ou seja, é menos de 10% de todo seu sangue. Existe, antes da doação, uma entrevista que tem o objetivo de detectar alguns impedimentos, como doenças, para a doação. A entrevista é particular e os dados são mantidos sob total sigilo.


De acordo com Rudnéia, é importante desmistificar a crença de que a doação de sangue é útil para saber suas condições de saúde, por conta dos exames que são feitos. "O doador deve estar com um espírito totalmente altruísta?, diz ela. ?Se a pessoa possui qualquer suspeita de ter algum problema de saúde, não deve tentar resolver isso doando sangue, pois, apesar de cômoda, essa atitude pode representar um risco a quem vai receber a transfusão. Recomendamos que ela consulte um médico e faça os exames necessários".

Cinthya explica que em uma única doação é possível salvar até quatro vidas, uma vez que o material é separado em diferentes hemocomponentes concentrado de hemácias (glóbulos vermelhos), concentrado de plaquetas, plasma e crioprecipitado que podem ser utilizados em diversas situações clínicas."De qualquer modo, é necessária a conscientização de que a doação de sangue precisa ser feita não apenas em épocas de campanhas para o reabastecimento de baixo estoque, mas durante todo o ano. O sangue doado tem sempre utilidade e nunca sobra, pelo contrário, faz falta", completa a especialista.

É fácil e não dói
Entretanto, nem todos podem doar sangue e existem alguns momentos em que temos de esperar um determinado prazo para poder fazer uma doação. Seguem alguns critérios para quem quer doar sangue:

- Ter de 18 a 65 anos.

- Pesar mais de cinquenta quilos.

- Estar descansado.

-Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas quatro horas.

-Não ter recebido transfusão de sangue nos últimos 12 meses.

- Não estar com febre, gripe ou resfriado. ? Se mulher, não estar grávida, amamentando ou ter tido parto normal ou aborto há menos de três meses. Em caso de cesárea seis meses.

- Após piercing aguardar três dias para doar.

- Após tatuagem aguardar 12 meses.

- Após vacina da gripe ou rubéola aguardar 30 dias.

- Após vacina da gripe H1N1 aguardar 48 horas.

- Não ter antecedentes de hepatite após 10 anos de idade.

- Não ter antecedentes de doença de chagas.

- Acupuntura - sendo agulhas do próprio paciente, não há impedimento.

- Medicamentos - tempo variado, o esclarecimento deve ser feito pessoalmente ou por telefone antes de doar.

- Áreas de Febre amarela, malária, doar após seis meses.

- Hipertensos podem doar dependendo da situação avaliada em entrevista clínica.

- Diabéticos que não façam uso de insulina.

- Tratamento dentário - tempo variado entre três dias e um mês dependendo do caso.

- Alimentação - não deve-se doar em jejum prolongado.

Tendo observado esses critérios, o resto é muito simples:

- Pela manhã: tomar café leve e sem alimentos gordurosos

- À tarde - doar 2 horas após o almoço

- Não se alimentar de refeições com alto teor de gordura

- Levar documento com foto.

- Saber o endereço completo com CEP para o envio de carteirinha de doador e resultado de exames.

- Homens podem doar a cada 60 dias (respeitando o limite de quatro doações ao ano) e mulheres a cada 90 dias (respeitando o limite de 3 doações ao ano).

- Cada doador colabora com três a quatro pacientes com uma única doação. Minha Vida