Até pouco tempo, não era incomum ouvir de um homeopata ou de algum outro médico de corrente não convencional que vacinar os filhos era arriscado. Reações indesejadas às vacinas podem ocorrer, mas elas são extremamente raras. Radicais que perpetuam temores contra campanhas de imunização sempre vão existir, porém, para alívio das autoridades de saúde, a adesão dos brasileiros tem sido satisfatória nos últimos anos.
Mais seguras, eficientes e eficazes do que há algumas décadas, as vacinas, atualmente, são indicadas até nos consultórios de médicos antroposóficos, embora com ressalvas. “Nossa recomendação é dar preferência às doses individuais onde não há conservantes ou há menor concentração de substâncias que potencializam o efeito da vacina”, diz Rita de Cássia Rossini Rahme, presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica.
Helena Keico Sato, diretora técnica da divisão de imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, confirma que doses individuais não contam com nenhum conservante. Ela também esclarece que essas vacinas são utilizadas em frascos multidoses para evitar contaminação. Entretanto, ela garante que as vacinas conjugadas não representam qualquer perigo: “A quantidade utilizada não oferece risco algum; somente grandes volumes desses conservantes poderiam ser tóxicos para seres humanos”.
Sato aproveita para ressaltar que os chamados adjuvantes, substâncias utilizadas para potencializar a resposta imunitária das vacinas, também são seguros. “Na ocasião da vacinação contra a gripe H1N1, até as grávidas foram imunizadas com vacinas que continham esses componentes, sem que se observasse nenhuma reação entre elas”, conta.
Homeopatia
O médico Samuel Abramavicus, pediatra, homeopata e acupunturista do Centro de Dor do Hospital Nove de Julho e do Hospital das Clínicas, em São Paulo, afirma que quando se especializou, há 35 anos, havia profissionais mais ortodoxos que entendiam que as vacinas eram capazes de interferir no sistema imunológico.
Abramavicus conta que esses médicos acreditavam que, uma vez utilizado o remédio certo para cada paciente (pelo conceito da similaridade, base da homeopatia), ele estaria protegido das doenças infecciosas. “O fato é que podemos levar uma vida inteira até descobri-lo”, comenta. “Por isso, hoje, a maioria dos homeopatas aconselha a vacinação, pois sabem que precisariam ter o suporte de vários trabalhos científicos para sustentar tese contrária.”
“Mesmo sendo homeopata, sou a favor da vacinação”, declara o pediatra Sérgio Furuta, diretor da Associação Paulista de Homeopatia e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Furuta afirma ser impossível quantificar os pediatras homeopatas que, sem respaldo científico, estão convencidos de que as vacinas causam problemas e interferem no tratamento homeopático.
“A homeopatia é uma especialidade que só pode ser exercida por médicos. E um médico não deve contra indicar a vacinação, medida apoiada pelo Ministério da Saúde e por todos os órgãos representativos de classe”, pondera o especialista. “Em 36 anos de clínica, nunca tive um paciente que deixou de ser vacinado. Pelo contrário, recebi pais que resolveram trocar de médico porque o anterior era contra a vacinação”, testemunha.
Casos raros
Sato enfatiza que é preciso que a população saiba que as vacinas são produzidas atendendo a critérios de alto grau de segurança. Para que isso seja possível, explica a especialista, “antes de chegarem aos postos de saúde e clínicas de vacinação, elas são amplamente testadas em humanos, até que obtenham licença para uso”. E, depois disso, elas todas as eventuais ocorrências são monitoradas.
“Porém, como qualquer outro medicamento, as vacinas podem causar efeitos colaterais ou adversos”, esclarece o pediatra Gabriel Oselka, professor assistente do departamento de pediatria e ética médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
“Ninguém pode afirmar que jamais haverá uma reação a uma vacina; cada pessoa é única e pode reagir diferentemente a uma medicação", explica. "No caso da vacina oral contra a poliomielite, numa frequência de 1 para 1 milhão, a criança pode até desenvolver a doença para a qual foi imunizada", informa.
De acordo com Oselka, as causas desse fenômeno são desconhecidas. E não há como prever esses efeitos indesejáveis, a não ser que existam informações ou sinais prévios de deficiências no sistema imunológico. “Esses casos são raríssimos no Brasil e, especialmente em relação à poliomielite, contamos de um a dois casos por ano", relata. Nesses organismos, o sistema imunitário, ao invés de criar anticorpos, desenvolve a doença.
Ele também faz outra ponderação: se uma criança morre enquanto cumpria o calendário de vacinas, a causa da morte pode ser interpretada de forma equivocada, gerando temor. Mas ninguém se recorda de que a maioria das doenças infantis se manifesta geralmente nos primeiros anos de vida. “A tendência é acreditar que a vacina possa estar relacionada à morte”, diz Renato de Ávila Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm). “Na maioria das vezes, essa relação será sempre temporal, pois é muito difícil provar que houve uma relação causal entre vacinação e doença posterior”, diz.
Segurança
O receio das vacinas não tem relação apenas às crianças, que teriam uma saúde mais frágil. Muitos adultos também têm medo. Sato relata que na ocasião da campanha da vacina contra a gripe para os idosos, a adesãp só aumentou após intensa divulgação de que a vacina era importante para redução de complicações como pneumonia, internação hospitalar, bem como extensas explicações sobre as diferenças entre gripes e resfriados, e sobre a possibilidade de ter febre e dor de cabeça 48 horas após a vacinação, sintomas que acometem 10% das pessoas.
Todos os médicos ouvidos pelo UOL Ciência e Saúde concordam que o índice de notificações relacionadas a vacinas é baixíssimo, tanto nos documentos oficiais como na prática médica. Isso significa que o controle ou eliminação das doenças passíveis de prevenção superam os possíveis riscos de ocorrência dos efeitos temidos.
Rino Rappouli, biólogo que desenvolveu um novo método de se fazer vacinas, concorda. “É definitivo o fato de que não vacinar as crianças comporta riscos maiores do que vaciná-las. O que se espera é que os jovens pais, e adultos em geral, tomem consciência dos benefícios oferecidos pela vacinação.
"Depois da água potável, as vacinas foram as que tiveram a maior repercussão em termos de prevenção de doenças e diminuição da mortalidade”, diz o pediatra Juarez Cunha, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Oselka também atesta: “A vacinação é a intervenção pública que mais salvou vidas no mundo”. Uol Saúde
Mais seguras, eficientes e eficazes do que há algumas décadas, as vacinas, atualmente, são indicadas até nos consultórios de médicos antroposóficos, embora com ressalvas. “Nossa recomendação é dar preferência às doses individuais onde não há conservantes ou há menor concentração de substâncias que potencializam o efeito da vacina”, diz Rita de Cássia Rossini Rahme, presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica.
Helena Keico Sato, diretora técnica da divisão de imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, confirma que doses individuais não contam com nenhum conservante. Ela também esclarece que essas vacinas são utilizadas em frascos multidoses para evitar contaminação. Entretanto, ela garante que as vacinas conjugadas não representam qualquer perigo: “A quantidade utilizada não oferece risco algum; somente grandes volumes desses conservantes poderiam ser tóxicos para seres humanos”.
Sato aproveita para ressaltar que os chamados adjuvantes, substâncias utilizadas para potencializar a resposta imunitária das vacinas, também são seguros. “Na ocasião da vacinação contra a gripe H1N1, até as grávidas foram imunizadas com vacinas que continham esses componentes, sem que se observasse nenhuma reação entre elas”, conta.
Homeopatia
O médico Samuel Abramavicus, pediatra, homeopata e acupunturista do Centro de Dor do Hospital Nove de Julho e do Hospital das Clínicas, em São Paulo, afirma que quando se especializou, há 35 anos, havia profissionais mais ortodoxos que entendiam que as vacinas eram capazes de interferir no sistema imunológico.
Abramavicus conta que esses médicos acreditavam que, uma vez utilizado o remédio certo para cada paciente (pelo conceito da similaridade, base da homeopatia), ele estaria protegido das doenças infecciosas. “O fato é que podemos levar uma vida inteira até descobri-lo”, comenta. “Por isso, hoje, a maioria dos homeopatas aconselha a vacinação, pois sabem que precisariam ter o suporte de vários trabalhos científicos para sustentar tese contrária.”
“Mesmo sendo homeopata, sou a favor da vacinação”, declara o pediatra Sérgio Furuta, diretor da Associação Paulista de Homeopatia e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Furuta afirma ser impossível quantificar os pediatras homeopatas que, sem respaldo científico, estão convencidos de que as vacinas causam problemas e interferem no tratamento homeopático.
“A homeopatia é uma especialidade que só pode ser exercida por médicos. E um médico não deve contra indicar a vacinação, medida apoiada pelo Ministério da Saúde e por todos os órgãos representativos de classe”, pondera o especialista. “Em 36 anos de clínica, nunca tive um paciente que deixou de ser vacinado. Pelo contrário, recebi pais que resolveram trocar de médico porque o anterior era contra a vacinação”, testemunha.
Casos raros
Sato enfatiza que é preciso que a população saiba que as vacinas são produzidas atendendo a critérios de alto grau de segurança. Para que isso seja possível, explica a especialista, “antes de chegarem aos postos de saúde e clínicas de vacinação, elas são amplamente testadas em humanos, até que obtenham licença para uso”. E, depois disso, elas todas as eventuais ocorrências são monitoradas.
“Porém, como qualquer outro medicamento, as vacinas podem causar efeitos colaterais ou adversos”, esclarece o pediatra Gabriel Oselka, professor assistente do departamento de pediatria e ética médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
“Ninguém pode afirmar que jamais haverá uma reação a uma vacina; cada pessoa é única e pode reagir diferentemente a uma medicação", explica. "No caso da vacina oral contra a poliomielite, numa frequência de 1 para 1 milhão, a criança pode até desenvolver a doença para a qual foi imunizada", informa.
De acordo com Oselka, as causas desse fenômeno são desconhecidas. E não há como prever esses efeitos indesejáveis, a não ser que existam informações ou sinais prévios de deficiências no sistema imunológico. “Esses casos são raríssimos no Brasil e, especialmente em relação à poliomielite, contamos de um a dois casos por ano", relata. Nesses organismos, o sistema imunitário, ao invés de criar anticorpos, desenvolve a doença.
Ele também faz outra ponderação: se uma criança morre enquanto cumpria o calendário de vacinas, a causa da morte pode ser interpretada de forma equivocada, gerando temor. Mas ninguém se recorda de que a maioria das doenças infantis se manifesta geralmente nos primeiros anos de vida. “A tendência é acreditar que a vacina possa estar relacionada à morte”, diz Renato de Ávila Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm). “Na maioria das vezes, essa relação será sempre temporal, pois é muito difícil provar que houve uma relação causal entre vacinação e doença posterior”, diz.
Segurança
O receio das vacinas não tem relação apenas às crianças, que teriam uma saúde mais frágil. Muitos adultos também têm medo. Sato relata que na ocasião da campanha da vacina contra a gripe para os idosos, a adesãp só aumentou após intensa divulgação de que a vacina era importante para redução de complicações como pneumonia, internação hospitalar, bem como extensas explicações sobre as diferenças entre gripes e resfriados, e sobre a possibilidade de ter febre e dor de cabeça 48 horas após a vacinação, sintomas que acometem 10% das pessoas.
Todos os médicos ouvidos pelo UOL Ciência e Saúde concordam que o índice de notificações relacionadas a vacinas é baixíssimo, tanto nos documentos oficiais como na prática médica. Isso significa que o controle ou eliminação das doenças passíveis de prevenção superam os possíveis riscos de ocorrência dos efeitos temidos.
Rino Rappouli, biólogo que desenvolveu um novo método de se fazer vacinas, concorda. “É definitivo o fato de que não vacinar as crianças comporta riscos maiores do que vaciná-las. O que se espera é que os jovens pais, e adultos em geral, tomem consciência dos benefícios oferecidos pela vacinação.
"Depois da água potável, as vacinas foram as que tiveram a maior repercussão em termos de prevenção de doenças e diminuição da mortalidade”, diz o pediatra Juarez Cunha, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Oselka também atesta: “A vacinação é a intervenção pública que mais salvou vidas no mundo”. Uol Saúde