
Hoje, aos 30 anos e iniciando um negócio de ginástica laboral com seu marido, Boehmer não desfruta mais desse privilégio, então massageia ela mesma seus músculos. Ela malha aproximadamente sete horas por semana, treinando para triatlos e duatlos, e começa e termina cada sessão massageando suas costas e pernas com um rolo de EVA, que chama de seu "melhor amigo".
"É como receber uma massagem sem precisar pagar US$ 85 a hora, disse. "Não posso pagar uma verdadeira por enquanto."
Aparelhos para automassagem têm se popularizado à medida que mais pessoas passaram a competir em esportes de resistência e, mais recentemente, depois da opção profissional ter se mostrado proibitivamente cara com a recessão.
Treinadores normalmente recomendam uma massagem a cada uma ou duas semanas a pessoas em treinamento para uma maratona ou triatlo, mas os custos se acumulam: de acordo com a Associação Americana de Massagem Terapêutica, o preço médio de uma massagem é de US$ 63 por hora.
Embora massagens possam parecer um luxo, a prática pode se tornar uma necessidade em um regime de treinamento. Quando os mesmos músculos são forçados a repetir várias vezes os mesmos movimentos, eles enrijecem e ficam propensos a lesões.
Por exemplo, "pedalar sobre o guidão da bicicleta cria um enorme desequilíbrio muscular na parte superior das costas e nos ombros", disse Tim Crowler, técnico de triatlo em Marlboro, Massachusetts. "Os flexores do quadril, os tendões das pernas e os glúteos ficam extremamente rígidos e imóveis devido à corrida."
Embora seja difícil dizer quantas pessoas praticam a automassagem, muitos atletas dependem dela, e cresce a variedade de produtos e vídeos explicativos disponíveis em lojas e na internet. Um rolo de EVA, que custa cerca de US$ 25, é apenas um dos diversos produtos industrializados ou improvisados que podem aliviar músculos tensos.
"No final dos anos 1990, só era possível encontrar rolos de EVA em catálogos médicos", disse Keats Snideman, massagista terapêutico e treinador de condicionamento em Tempe, Arizona, que produziu um DVD sobre automassagem. "Hoje é possível comprá-los em qualquer lugar e o YouTube está cheio de exercícios com eles."
Além dos muitos produtos de marca vendidos especificamente como aparelhos de massagem, velhos objetos caseiros também funcionam. A maioria das bolas pequenas, como as de golfe, tênis, beisebol e lacrosse, pode ajudar músculos doloridos.
Rich Poley, autor do livro "Self-Massage for Athletes", privilegia o uso das próprias mãos. Mas ele também é um fã do Knobble II, um aparelho em forma de cogumelo que pode ser usado para pressionar músculos em pontos específicos e tentar desfazer nós, e do Thera Cane, um gancho usado para alcançar pontos nas costas.
Apesar de todas as vantagens, a automassagem tem suas limitações. Cassidy Phillips, fundador da Trigger Point Performance Therapy, considera que a prática equivale à higiene bucal. "Você pode remover alguma placa sozinho, mas ainda vai precisar ir ao dentista para uma limpeza completa." Sua empresa, com sede em Austin, Texas, vende aparelhos de automassagem para atletas.
Evidentemente, a massagem de um terapeuta treinado pode ser mais efetiva - e relaxante - do que uma massagem autoadministrada. Um massagista também possui conhecimentos amplos de anatomia e pode ajudar com lesões, como distensões, que talvez não respondam à automassagem.
"Um rolo de Eva não consegue aliviar pontos-gatilhos profundos da maneira que um polegar experiente ou uma articulação do dedo consegue", disse Collette Glass, massagista terapêutica esportiva de Atlanta.
Ainda assim, Glass, que ganha a vida tratando atletas que precisam de sua ajuda, é uma defensora da automassagem. Ela e seu marido, dr. Josh Glass, quiroprático esportivo, fazem seminários de autoajuda em Atlanta diversas vezes no ano. "A mensagem que destacamos por toda a apresentação é que a automassagem os mantém longe de nosso consultório", disse ela.
Qualquer tipo de massagem - a feita sozinha e a profissional - estimula o fluxo sanguíneo e desmancha o tecido de cicatrização, reduzindo dessa forma o risco de lesão no atleta, explica Collette Glass. "Na massagem, músculos comprimidos e fatigados são estimulados e retornam ao tamanho normal, o que ajuda na recuperação apropriada", disse ela. Ela diz que, quando treinou para os triatlos Ironman em 2006 e 2008, usou o rolo todos os dias para aliviar suas bandas iliotibiais (camadas fibrosas da parte externa da coxa).
Jenni Gaertner, terapeuta física e ciclista competitiva de Coeur d'Alene, Idaho, também defende uma abordagem combinada. "Vou para um massagista terapêutico apenas durante a temporada de corridas, porque pode ficar muito caro", disse ela. "Mas uso um rolo de EVA durante o ano e recomendo o rolo a pacientes e colegas de equipe."
Abby Ruby, atleta e treinadora em Manitou Springs, Colorado, massageia diariamente seus músculos enquanto treina para uma corrida de 100 milhas neste ano em Leadville, Colorado. Ela não sai de casa sem seus aparelhos: a metade de um rolo de EVA e uma pequena bola da Trigger Point Performance Therapy. "Sento sobre a bola durante voos para soltar meus piriformes", disse ela, se referindo a um músculo na região glútea.
Conveniência e acessibilidade financeira são os argumentos de venda para Ruby. "Quando preciso de uma massagem, preciso agora, não na quarta às 15h", disse. Terra Saúde