domingo, 8 de agosto de 2010

Você sabia? Homens e mulheres têm paladar diferente

Você já deve ter reparado que, no geral, homens e mulheres têm preferências distintas na hora de escolher a refeição. Enquanto eles avançam nas carnes gordurosas, elas preferem uma saladinha, massas e, claro, docinhos.

Porém, o que muita gente não sabe é que, por trás dessas escolhas, existem razões que vão além da criação ou da cultura. Fatores biológicos também interferem no paladar masculino e feminino.

Vânia Assaly, nutróloga e endocrinologista, explica que tanto o organismo dos homens como o das mulheres buscam neurotransmissores diferentes. "Uma vez que determinados alimentos oferecem nutrientes que agem no sistema nervoso central, eles podem alterar a proporção dos neurotransmissores, sendo assim uma base importante para o equilíbrio da neuroquímica cerebral".

O neurotransmissor preferido pela mulherada é a serotonina, sintetizada a partir de carboidratos. Ela é conhecida por trazer uma sensação de alegria, bem estar e reduzir a ansiedade.

Portanto, aí vai uma dica de ouro para os namorados de plantão que não sabem mais o que fazer para driblar a TPM (Tensão Pré-Menstrual) da amada: "O namorado esperto traria uma caixa de bombom quando ela estivesse nesse período, mas com cuidado, pois a amada pode aumentar o peso se ficar viciada nesses presentes deliciosos", fala a especialista.

O motivo é simples. Durante a segunda fase do ciclo menstrual, os níveis de serotonina caem, e, por consequência, podem sim influenciar a famosa TPM e levar as garotas a comer mais docinhos. "Na oscilação do ciclo menstrual, algumas mulheres que têm um menor nível de serotonina ou alguma alteração em receptores cerebrais terão maior ansiedade, irritabilidade, angústia, e, com isso, buscarão açúcar e doces para resgatar o equilíbrio na bioquímica cerebral", afirma Vânia.

Isso mesmo! Parte da culpa por aqueles quilinhos a mais adquiridos com alimentos açucarados pode ser da falta de serotonina. Mas calma, não é tudo por causa dela, não. Também existem hábitos, costumes, aspectos comportamentais, culturais e familiares envolvidos. E, lógico, a força de vontade. Sempre podemos dizer não, por mais que o corpo deseje aquele bolo cheio de chantilly e calorias...

Do tempo das cavernas
A percepção das papilas gustativas nas mulheres é diferenciada: percebemos o amargo como algo menos apreciável e selecionamos o doce. A endocrinologista Vânia Assaly sugere que isso remete às nossas ancestrais, que não eram grandes caçadoras e se alimentavam mais de vegetais e frutas, desenvolvendo o paladar adocicado.

Além disso, o instinto maternal entra em cena quando experimentamos algo amargo. "O gosto amargo, comum em coisas que estragam e alguns venenos, pode ter uma representação de risco ao futuro bebê", diz a nutróloga. Isso explica a relação entre o enjoo da gestante, a percepção de cheiros e a maior seleção de alimentos.

Pelo jeito, o paladar dos homens também vem de tempos antigos. Os ancestrais do sexo masculino eram caçadores que se alimentavam de grandes porções de gordura animal e comidas mais calóricas. "Para eles, o maior nível de dopamina, ferro, substâncias protéicas e gordurosas trouxe a possibilidade de tornarem-se fortes, com músculos, além de possibilitar um tempo maior entre as refeições", conta a especialista. Por isso, até hoje eles buscam alimentos ricos em dopamina, como carne vermelha.

Podemos dizer que eles comem por fome mesmo, preferem mais volume e não prestam atenção na quantidade de gordura. Elas, ao contrário, correm das gorduras e calorias e levam em conta o volume da porção, estética do prato e odor na hora de escolher o que vão comer.

O recomendado para ambos os sexos é manter uma dieta equilibrada, a despeito dos gostos. Afinal, um corpo saudável é mais importante que qualquer desejo passageiro. VilaEquilibrio