terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Lipoaspiração em consultório pode colocar vida de pacientes em risco

Não importa o nome. Hidrolipo, lipolight, minilipo. Todos definem lipoaspiração, a cirurgia plástica campeã em eliminar gordura localizada. Os novos títulos para uma operação que existe há mais de 30 anos revelam, em muitos casos, a má-fé de quem anuncia o procedimento.

"Eles criam esses nomes para fazer marketing, mas lipoaspiração é uma cirurgia que tem de ser feita em centro cirúrgico por um cirurgião plástico", alerta Sebastião Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "Uma lipo feita dentro dos parâmetros do Conselho Federal de Medicina (CFM) não sai por menos de R$ 7 mil. Esses médicos que fazem em consultório cobram R$ 800", denuncia Sérgio Levy, diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

O nome hidrolipo também é pura enganação. "Há 20 anos, toda lipoaspiração é hidro, ou seja, é feita com soro e adrenalina que evitam o sangramento excessivo. Mas é preciso cuidado, porque a adrenalina provoca reação no corpo", diz Volney Pitombo, cirurgião plástico de celebridades como Deborah Bloch e Luma de Oliveira.

Um dos maiores riscos está na anestesia, seja ela geral ou local. Por isso, é preciso ter na sala de cirurgia um anestesista preparado com materiais de reanimação. "Se o paciente tiver alguma reação, é preciso agir rápido", diz Sérgio Levy. A recomendação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia é que a clínica tenha também um centro de tratamento intensivo (CTI) de referência e o apoio de uma ambulância.

Denúncias

Em 2009, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) recebeu 25 denúncias de casos de cirurgia plástica e abriu 11 processos. Poucos são punidos. Nos últimos quatro anos, o Cremerj aprovou 5 pedidos de cassação - 3 foram ratificados pelo CFM.

Sem punição rigorosa, as histórias de imprudência proliferam. "Já recebi paciente que se submeteu a uma lipo em pé em um consultório porque o médico disse que assim a gordura do culote saía mais fácil. Isso é um absurdo. Lipoaspiração feita de qualquer jeito virou um caça-níquel, um negócio da China. Até que um dia dá um problema grave", alerta Pitombo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Uol Saúde