sábado, 21 de janeiro de 2012

Olhando o jardim alheio (Paulo Coelho)

“Daí ao tolo mil inteligências, e ele não quererá senão a tua”, diz o provérbio árabe. Começamos a plantar o jardim da nossa vida e, quando olhamos para o lado, reparamos que o vizinho está ali, espiando. Ele é incapaz de fazer qualquer coisa, mas gosta de dar palpites sobre como semeamos nossas ações, plantamos nossos pensamentos, regamos nossas conquistas.
Se dermos atenção ao que ele está dizendo, terminaremos trabalhando para ele, e o jardim de nossa vida será idéia do vizinho. Terminaremos esquecendo a terra cultivada com tanto suor, fertilizada por tantas bênçãos.
Esqueceremos que cada centímetro de terra tem seus mistérios, e que só a mão paciente de um jardineiro é capaz de decifrar. Não iremos mais prestar atenção ao sol, a chuva, e as estações, ficaremos apenas concentrados naquela cabeça que nos espia por cima da cerca.
“O tolo que adora dar palpites sobre o nosso jardim, jamais cuida de suas plantas”.



Isso é fato, aqueles que passam o seu precioso tempo de vida olhando o jardim de outro , é poque não tem o que fazer, Se seguissem sua lenda pessoal não teriam tempo para ver erros alheios . Talvez uma hora ou outra, passamos em frente à algum jardim e enxergamos buracos nele ( todos julgamos ) , se não gostamos do buraco isso pouco importa , o jardim não é nosso, o que não devemos fazer é dar palpites nos jardins alheios , para isso temos o nosso próprio jardim que tem tantos buracos quanto os do vizinho . E cada um deve fechar os buracos em seu próprio jardim .
O grande problema do tolo que adora dar palites é que …
Ele sempre olha os buracos e defeitos nos jardins dos outros e se esquece que o seu jardim também tem buracos e defeitos , e enquanto o sábio vai fechando os buracos em seu próprio jardim , os buracos no jardim do tolo vão aumentando , porque o dono do jardim está supervisionando outros jardins, deixando o seu ao abandono .




Ana Flávia