quinta-feira, 8 de julho de 2010

Videogames violentos têm efeitos negativos em crianças

Pesquisadora adverte sobre perigo de banalização da violência e do sexismo.
Se seus filhos são como 99% dos meninos ou 94% das meninas, que jogam videogames, e se são como 50% dos meninos e 14% das meninas, que preferem jogos "maduros" (leia-se: violentos) como o Grand Theft Auto (GTA) – distopia urbana de tiroteios, perseguições de carro, bandidos e prostitutas, onde o sangue espirra sobre a câmera – você deveria se preocupar se tal jogo irá deformar a mente de seu filho.

Cheryl Olson, especialista em Harvard de saúde pública, pesquisou as motivações das crianças para jogar videogames. E descobriu seus motivos: para se divertir, competir uns com os outros e ser desafiado. Olson então mostrou os benefícios psicológicos que o jogo pode ter, descrevendo como os videogames facilitam a autoexpressão, dramatização, interações sociais positivas e liderança. Soa mais utópico que distópico, certo?

Segundo as conclusões de Olson, 28% dos meninos e 5% das meninas gostam de "pistolas e outras armas”. Cerca de 25% dos meninos e 11% das meninas também concordam que os videogames ajudam a "conseguir botar a raiva para fora". "O jogo Grand Theft Auto, o mais popular, aparentemente, não mostra nenhuma violência contra crianças ou animais, mas dá enorme liberdade para a desordem", escreve Olson. Ela vê, porém, uma função supostamente educativa do jogo violento, “É chocante, mas o GTA afia as habilidades de resolução de problemas. Um menino aprendeu uma maneira rápida de encontrar passageiros para seu táxi: ele atropelava os pedestres e esperava que se levantassem e subissem em seu carro”.

Também é preocupante a maneira como os homens administram as “relações” com as mulheres: o jogo mostra, por exemplo, como se deve negociar com uma prostituta. Mesmo uma breve exposição a essas imagens aumentaria as tentativas de assédio sexual pelos homens, segundo um estudo de 2008 conduzido pela psicóloga Karen Dill, da Fielding Graduate University.

Embora observe que os jovens podem se beneficiar de jogos de terror e sobrevivência, Olson ressalva que a exposição a jogos violentos pode dessensibilizar as pessoas e banalizar a violência. Em 2006, Bruce Bartholow, psicólogo da University of Missouri, e colegas relataram que jogadores desse tipo de jogos, expostos a imagens violentas, apresentam menor ativação de uma onda específica do cérebro que os jogadores de jogos “comuns”, indicando que eles se sentem menos aversão à violência.

Imagens violentas podem nos afetar de inúmeras maneiras sutis, aumentando a hostilidade e a indiferença com aqueles que nos rodeiam. Por isso, a multibilionária indústria de jogos deveria responder à pressão social e criar jogos que não sejam sexistas, racistas ou violentos, e proporcionem benefícios para o desenvolvimento das crianças.

Dara Greenwood