terça-feira, 20 de julho de 2010

Cirurgia de redução de estômago pode afetar gestação nas mulheres

A cirurgia de desvio biliopancreático, ou de redução de estômago, realizada para combater a obesidade mórbida, é uma conhecida causa de múltipla deficiência de vitaminas, e pode piorar ainda mais durante a gravidez. Esta é a conclusão de um estudo publicado recentemente no Journal of AAPOS, publicação oficial do American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus. Na pesquisa, clínicos australianos investigaram um grupo de crianças que nasceram cegas devido à deficiência de vitamina A, justamente causada por cirurgias para combater a obesidade mórbida nas mães das crianças.

Os pesquisadores australianos documentaram os casos das mulheres que foram submetidas a cirurgias contra a obesidade até sete anos antes do nascimento de seu filhos. Na nona semana de gestação as mães foram diagnosticadas com uma severa deficiência das vitaminas A, D e K, bem como uma deficiência anêmica de ferro, que não havia sido detectada anteriormente até então.

Apesar de tratamentos, a quantidade de vitamina A presente no sangue permaneceu muito baixa durante o período de gravidez. Seus filhos recém-nascidos tiveram má-formação significativa nos dois olhos e sua visão permaneceu fraca. Para o feto, as primeiras 8 semanas de gestação são o período mais crítico para o desenvolvimento dos órgãos, incluindo a formação do sistema visual.

"A descrição das mães a respeito de cegueira noturna é decorrente da deficiência de vitamina A durante a gravidez, e um comprovado apoio à teoria de que a falta desta vitamina no período neonatal seria a causa", explica a chefe da pesquisa, Glen Gole, médica do departamento de oftalmologia do Royal Children`s Hospital and Discipline of Pediatrics and Child Health, na Queensland University, em Brisbane. A vitamina A é conhecida como benéfica à saúde dos olhos. Além disso, ela protege o esqueleto, os pulmões, o coração e o sistema imunológico.

A cirurgia de redução de estômago


A cirurgia de redução de estômago, ou bariátrica, se mostra realmente eficaz para pessoas que sofrem de obesidade mórbida. Estes pacientes chegam a perder em média 40% do peso, em um ano. Porém, a operação é indicada e permitida apenas para pacientes com esta morbidez.

A obesidade é considerada mórbida quando o Índice de Massa Corpórea (IMC) é igual ou superior a 40. Caso o obeso esteja com o IMC entre 35 e 40, a cirurgia só será realizada se outras doenças causadas pela obesidade estiverem colocando sua vida em risco, como por exemplo, a diabetes e a hipertensão. Isso porque, em qualquer tipo de método cirúrgico, os riscos envolvidos na operação devem ser comparados com os riscos da doença. Ou seja, com um IMC abaixo de 40, ainda é compensador adotar outras formas de emagrecimento, como exercícios físicos, orientação nutricional, endocrinológica, e até mesmo, psicológica.

Os riscos envolvidos na cirurgia bariátrica são importantes e é fundamental aceitar todas as restrições que serão enfrenatadas pelo resto da vida. Alguns pacientes acreditam que reduzir o estômago é o método mais fácil para emagrecer. O gastrocirurgião da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Carlos Haruo Arasaki, conta que, muitas vezes, pessoas que ainda não atingiram o IMC mínimo para operar, engordam propositalmente para ter a permissão médica. Ele diz ainda que, "é difícil ter controle sobre isso, porque a pessoa, ao decidir engordar, não retorna ao meu consultório e opta por outro médico que não saiba que ela engordou".

A psicóloga da Unifesp Maria Isabel Rodrigues Matos explica que o excesso de peso, muitas vezes, é usado como pretexto para todo tipo de problema que a pessoa enfrenta. "Geralmente, o obeso acredita que a cirurgia não vai deixá-lo apenas mais magro, mas que também vai lhe trazer um emprego, uma namorada e uma vida melhor como um todo, mas não é assim", esclarece.
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