Mais disposição, controle do colesterol, prevenção de doenças cardiovasculares e combate à diabete são apenas alguns dos benefícios que o grão proporciona.
O grão tem presença marcante no prato do brasileiro desde os tempos coloniais. Herança da Ásia Central e conhecido pelo paladar dos cinco continentes, chegou ao Brasil por meio dos portugueses no século 16 e, a partir daí, virou marca registrada do nosso cardápio. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que, atualmente, consumimos uma média de 74 a 76 quilos de arroz por ano.
Excelente fonte de carboidratos complexos, vitaminas e minerais, o alimento possui uma série de benefícios que podem ser mais acentuados de acordo com cada tipo do grão. Aliás, já fica a dica: o arroz polido, aquele que comemos no dia a dia, é o que possui menor quantidade de nutrientes, sendo mais vantajoso dar preferência a outras opções, como o integral. Vamos aos benefícios?
Mais potência ao organismo
Essa é a principal contribuição do arroz tradicional. "Noventa por cento dele é amido", afirma a nutricionista Julie Calixto Lobo, doutoranda em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse tipo de carboidrato confere ao organismo a força que ele precisa para funcionar regularmente. Como resultado, temos mais disposição para realizar as tarefas do cotidiano. "O arroz representa, segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), 27% da necessidade de energia diária e 20% das necessidades de proteínas", conta a nutricionista Maria Gorete Aiello, da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo.
Aminoácidos essenciais
Falando em proteínas, elas estão mais presentes nos tipos integral, preto e parboilizado, que não passaram pelo processo de polimento igual ao tradicional. Os aminoácidos do arroz (estruturas da proteína) podem ser considerados melhores que os encontrados no trigo ou no milho. "Eles contribuem para a regeneração dos tecidos e para a produção de hormônios, entre outros fatores", destaca a nutricionista Ruth Yamada, do Centro Universitário São Camilo, na capital paulista. Outro bom exemplo é o aminoácido metionina, que contribui para o bom funcionamento das células nervosas e da memória.
Arroz integral: contra diabete
Como todo alimento integral, o consumo de arroz não refinado ajuda a diminuir a incidência de doenças crônicas e a controlar o nível glicêmico, por conta da grande quantidade de fibras. "A absorção de glicose pode ser retardada pela alta ingestão de fibras", conta a nutricionista Ruth Yamada. O consumo delas também está relacionado à redução na pressão arterial e ao equilíbrio de colesterol total, fatores que contribuem para prevenir doenças cardiovasculares e desenvolvimento de câncer.
Todos esses benefícios são pelo fato de as fibras regularem o trânsito intestinal, impedindo que substâncias tóxicas sejam armazenadas no organismo. Há, ainda, um estudo feito pela Universidade de Temple, nos Estados Unidos, indicando que a camada rica em fibras que envolve o arroz integral pode inibir a angiotensina II, uma proteína relacionada ao desenvolvimento de pressão alta e do enrijecimento das artérias (aterosclerose). Além dessas vantagens, o arroz integral também é isento de glúten, sendo muito bem-vindo por celíacos.
Coquetel de vitaminas e minerais
Prepare-se para a enxurrada de nutrientes. O arroz pode apresentar em sua composição diversas vitaminas: A (boa para a visão), B1 (atua nos músculos), B2 (contribui para o transporte de oxigênio no organismo), B6 (atua no metabolismo de aminoácidos), B12 (ajuda na formação dos glóbulos sanguíneos), C e E (poderosas antioxidantes) e K (participa na coagulação sanguínea). E tem mais: Ruth Yamada ainda enfatiza a niacina (B3), presente principalmente no grão integral. "Ela tem a função de evitar a insônia e ajudar na perda de peso", explica.
Quanto aos minerais, eles se apresentam em maior concentração nas camadas externas do grão. Por isso, quanto menos polido o arroz for, maior a quantidade desses componentes. O preto, o parboilizado e o integral são os que possuem mais potássio, mineral que previne intestino preso, fraqueza muscular e também ajuda na manutenção dos batimentos cardíacos.
Além disso, o alimento é fonte considerável de fósforo, magnésio, cálcio e zinco. E aí vem a relação com o silício, rico na casca do grão. "É um mineral que participa na formação dos ossos e na prevenção da osteoporose, justamente por facilitar a fixação do cálcio, do fósforo e do magnésio", esclarece Julie Calixto.
Arroz vermelho: controle do colesterol
O óleo do farelo de arroz já tem o benefício de aumentar o HDL, o bom colesterol, no organismo. O que estudos também têm apontado é outra versão do alimento que é autoridade nesse assunto: o fermento de arroz vermelho.
Segundo Maria Gorete, o uso dessa levedura vem da China, há mais de mil anos, sendo utilizada para fins terapêuticos. "Desde a década de 1970 têm aumentado as evidências de sua ação na redução dos níveis de colesterol, podendo ser uma saída para as pessoas que precisam controlar essas taxas, mas que não toleram os efeitos colaterais das estatinas, drogas utilizadas para o tratamento", esclarece a professora da FMU.
Uma das pesquisas que comprovam tal efeito foi realizada por uma equipe do Chestnut Hill Hospital, nos Estados Unidos. Os pacientes que receberam um composto de levedura vermelha apresentaram uma redução maior nos níveis do colesterol LDL, o mau colesterol, em relação àqueles que foram tratados à base de placebo. A explicação é que a composição natural desse fermento possui monacolina K, um composto também conhecido como lovastatina, que é redutor de colesterol.
Arroz preto: antioxidante
Ele é poderoso. Ainda novo no Brasil, apresenta todos os benefícios que os demais tipos de arroz e até em proporções maiores, o que o torna um alimento funcional, como explica a nutricionista Sônia Maria Ferreira Silva, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas): "Em comparação ao arroz polido e integral, análises têm demonstrado que o arroz preto possui maior teor de proteínas e fibras e menor valor calórico, além de apresentar dez vezes mais compostos fenólicos [uma classe de antioxidantes]".
Eles combatem os radicais livres e auxiliam na prevenção de danos celulares e de doenças crônicas, o que inclui problemas cardiovasculares, envelhecimento, diabete e câncer. A substância chamada antocianina é a mais abundante, sendo responsável por conferir a coloração escura do grão.
Outra vantagem do arroz preto é a maior concentração de ferro, composto que tem a função de transportar e armazenar oxigênio, além de promover outras atividades essenciais ao organismo. A nutricionista Ruth Yamada ressalta, porém, que é preciso consumir alimentos mais ricos em vitamina C: "Meio copo de suco de laranja ou limão já é suficiente, porque melhora a absorção do ferro pelo organismo", explica.
Prevenção do câncer oral
Já que o assunto é arroz, não podia ficar de lado o seu velho parceiro: o feijão. A dupla promete saúde, pois se complementa em nutrientes. Uma das vantagens de inseri-los na dieta foi apontada por um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que constatou que a combinação pode reduzir a chance de adquirir câncer de boca. Os pesquisadores acreditam que o motivo seja a baixa quantidade de gordura saturada e de LDL.
Outro estudo também indicou o dueto como capaz de prevenir cáries. De acordo com os autores, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp, consumir arroz e feijão proporciona uma dose diária de flúor capaz de contribuir no combate à proliferação de bactérias na boca. Além disso, a vitamina B e o ferro, encontrados em ambos, ajudam na saúde da gengiva. "As fibras também contribuem, aumentando o fluxo de saliva que, por sua vez, aumenta a produção de defesas minerais que combatem a cárie", completa Ruth Yamada.
Revista Vida Natural & Equilíbrio/Letícia Gonçalves.
O grão tem presença marcante no prato do brasileiro desde os tempos coloniais. Herança da Ásia Central e conhecido pelo paladar dos cinco continentes, chegou ao Brasil por meio dos portugueses no século 16 e, a partir daí, virou marca registrada do nosso cardápio. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que, atualmente, consumimos uma média de 74 a 76 quilos de arroz por ano.
Excelente fonte de carboidratos complexos, vitaminas e minerais, o alimento possui uma série de benefícios que podem ser mais acentuados de acordo com cada tipo do grão. Aliás, já fica a dica: o arroz polido, aquele que comemos no dia a dia, é o que possui menor quantidade de nutrientes, sendo mais vantajoso dar preferência a outras opções, como o integral. Vamos aos benefícios?
Mais potência ao organismo
Essa é a principal contribuição do arroz tradicional. "Noventa por cento dele é amido", afirma a nutricionista Julie Calixto Lobo, doutoranda em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse tipo de carboidrato confere ao organismo a força que ele precisa para funcionar regularmente. Como resultado, temos mais disposição para realizar as tarefas do cotidiano. "O arroz representa, segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), 27% da necessidade de energia diária e 20% das necessidades de proteínas", conta a nutricionista Maria Gorete Aiello, da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo.
Aminoácidos essenciais
Falando em proteínas, elas estão mais presentes nos tipos integral, preto e parboilizado, que não passaram pelo processo de polimento igual ao tradicional. Os aminoácidos do arroz (estruturas da proteína) podem ser considerados melhores que os encontrados no trigo ou no milho. "Eles contribuem para a regeneração dos tecidos e para a produção de hormônios, entre outros fatores", destaca a nutricionista Ruth Yamada, do Centro Universitário São Camilo, na capital paulista. Outro bom exemplo é o aminoácido metionina, que contribui para o bom funcionamento das células nervosas e da memória.
Arroz integral: contra diabete
Como todo alimento integral, o consumo de arroz não refinado ajuda a diminuir a incidência de doenças crônicas e a controlar o nível glicêmico, por conta da grande quantidade de fibras. "A absorção de glicose pode ser retardada pela alta ingestão de fibras", conta a nutricionista Ruth Yamada. O consumo delas também está relacionado à redução na pressão arterial e ao equilíbrio de colesterol total, fatores que contribuem para prevenir doenças cardiovasculares e desenvolvimento de câncer.
Todos esses benefícios são pelo fato de as fibras regularem o trânsito intestinal, impedindo que substâncias tóxicas sejam armazenadas no organismo. Há, ainda, um estudo feito pela Universidade de Temple, nos Estados Unidos, indicando que a camada rica em fibras que envolve o arroz integral pode inibir a angiotensina II, uma proteína relacionada ao desenvolvimento de pressão alta e do enrijecimento das artérias (aterosclerose). Além dessas vantagens, o arroz integral também é isento de glúten, sendo muito bem-vindo por celíacos.
Coquetel de vitaminas e minerais
Prepare-se para a enxurrada de nutrientes. O arroz pode apresentar em sua composição diversas vitaminas: A (boa para a visão), B1 (atua nos músculos), B2 (contribui para o transporte de oxigênio no organismo), B6 (atua no metabolismo de aminoácidos), B12 (ajuda na formação dos glóbulos sanguíneos), C e E (poderosas antioxidantes) e K (participa na coagulação sanguínea). E tem mais: Ruth Yamada ainda enfatiza a niacina (B3), presente principalmente no grão integral. "Ela tem a função de evitar a insônia e ajudar na perda de peso", explica.
Quanto aos minerais, eles se apresentam em maior concentração nas camadas externas do grão. Por isso, quanto menos polido o arroz for, maior a quantidade desses componentes. O preto, o parboilizado e o integral são os que possuem mais potássio, mineral que previne intestino preso, fraqueza muscular e também ajuda na manutenção dos batimentos cardíacos.
Além disso, o alimento é fonte considerável de fósforo, magnésio, cálcio e zinco. E aí vem a relação com o silício, rico na casca do grão. "É um mineral que participa na formação dos ossos e na prevenção da osteoporose, justamente por facilitar a fixação do cálcio, do fósforo e do magnésio", esclarece Julie Calixto.
Arroz vermelho: controle do colesterol
O óleo do farelo de arroz já tem o benefício de aumentar o HDL, o bom colesterol, no organismo. O que estudos também têm apontado é outra versão do alimento que é autoridade nesse assunto: o fermento de arroz vermelho.
Segundo Maria Gorete, o uso dessa levedura vem da China, há mais de mil anos, sendo utilizada para fins terapêuticos. "Desde a década de 1970 têm aumentado as evidências de sua ação na redução dos níveis de colesterol, podendo ser uma saída para as pessoas que precisam controlar essas taxas, mas que não toleram os efeitos colaterais das estatinas, drogas utilizadas para o tratamento", esclarece a professora da FMU.
Uma das pesquisas que comprovam tal efeito foi realizada por uma equipe do Chestnut Hill Hospital, nos Estados Unidos. Os pacientes que receberam um composto de levedura vermelha apresentaram uma redução maior nos níveis do colesterol LDL, o mau colesterol, em relação àqueles que foram tratados à base de placebo. A explicação é que a composição natural desse fermento possui monacolina K, um composto também conhecido como lovastatina, que é redutor de colesterol.
Arroz preto: antioxidante
Ele é poderoso. Ainda novo no Brasil, apresenta todos os benefícios que os demais tipos de arroz e até em proporções maiores, o que o torna um alimento funcional, como explica a nutricionista Sônia Maria Ferreira Silva, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas): "Em comparação ao arroz polido e integral, análises têm demonstrado que o arroz preto possui maior teor de proteínas e fibras e menor valor calórico, além de apresentar dez vezes mais compostos fenólicos [uma classe de antioxidantes]".
Eles combatem os radicais livres e auxiliam na prevenção de danos celulares e de doenças crônicas, o que inclui problemas cardiovasculares, envelhecimento, diabete e câncer. A substância chamada antocianina é a mais abundante, sendo responsável por conferir a coloração escura do grão.
Outra vantagem do arroz preto é a maior concentração de ferro, composto que tem a função de transportar e armazenar oxigênio, além de promover outras atividades essenciais ao organismo. A nutricionista Ruth Yamada ressalta, porém, que é preciso consumir alimentos mais ricos em vitamina C: "Meio copo de suco de laranja ou limão já é suficiente, porque melhora a absorção do ferro pelo organismo", explica.
Prevenção do câncer oral
Já que o assunto é arroz, não podia ficar de lado o seu velho parceiro: o feijão. A dupla promete saúde, pois se complementa em nutrientes. Uma das vantagens de inseri-los na dieta foi apontada por um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que constatou que a combinação pode reduzir a chance de adquirir câncer de boca. Os pesquisadores acreditam que o motivo seja a baixa quantidade de gordura saturada e de LDL.
Outro estudo também indicou o dueto como capaz de prevenir cáries. De acordo com os autores, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp, consumir arroz e feijão proporciona uma dose diária de flúor capaz de contribuir no combate à proliferação de bactérias na boca. Além disso, a vitamina B e o ferro, encontrados em ambos, ajudam na saúde da gengiva. "As fibras também contribuem, aumentando o fluxo de saliva que, por sua vez, aumenta a produção de defesas minerais que combatem a cárie", completa Ruth Yamada.
Revista Vida Natural & Equilíbrio/Letícia Gonçalves.