Há mulheres que nunca tiveram problemas de glicemia na vida e, no entanto, acabam desenvolvendo o chamado diabetes gestacional, quadro bastante comum e que varia conforme a etnia. A gravidez é um estado diabetogênico , diz o endocrinologista João Roberto de Sá, da Universidade Federal de São Paulo. Isso porque os hormônios produzidos pela placenta, essenciais ao desenvolvimento do bebê, inibem a liberação e o funcionamento da insulina. Está formado o cenário para o problema se instalar.
A doença na gravidez surge normalmente lá pela vigésima semana, justamente quando os hormônios estão a todo vapor. É nesse período que se recomenda o exame para rastrear o mal. Alguns fatores parecem aumentar as chances de ter o problema: ganho de peso excessivo durante a gestação, histórico familiar da doença, bebês muito grandes, pré-eclâmpsia ou hipertensão durante a gravidez, mães com mais de 25 anos. O quadro pode trazer complicações para mãe e filho se não for tratado corretamente. O açúcar em excesso na circulação da mãe faz o bebê engordar muito. Ao nascer, ele pode ter problemas respiratórios, hipoglicemia e deficiência de cálcio. Fora isso, aumentam as chances de ele se tornar uma criança obesa e de desenvolver diabetes no futuro.
O tratamento dessas pacientes inclui dieta adequada e exercícios. Normalmente, essas medidas resolvem a vida de boa parte das futuras mamães. Outras vão precisar partir para a insulina. Em 85% a 90% dos casos a doença desaparece depois do parto. Mas, atenção: essas mulheres têm muito mais chances de desenvolver o problema no futuro, se não redobrarem os cuidados preventivos. Isso porque a resistência à insulina e a capacidade limitada de produzir o hormônio se mantêm . Elas são as causas do diabetes e pioram na presença dos fatores de risco como obesidade e sedentarismo , completa o endocrinologista Bruno Geloneze, da Sociedade Brasileira de Diabetes.
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