Basta uma unidade por dia para você derrubar os riscos de ter alguns tipos de tumor, principalmente o de intestino. De quebra, você ingere substâncias que protegem as artérias e que ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue
Costumam repetir os americanos: “One apple a day keeps the doctor away”. E comece a levar a sério o que poderia soar a uma rima tola: uma maçã por dia ajuda, sim, a manter os médicos bem longe. Essa seria, mais ou menos, a tradução do ditado e é verdadeira pelo menos no que diz respeito ao câncer.
Um estudo polonês, realizado na Universidade Jagiellonian e divulgado no European Journal of Cancer Prevention, uma publicação científica de prestígio, corrobora com essa ideia. Os pesquisadores entrevistaram 592 portadores de tumor colorretal e 765 indivíduos saudáveis, comparando toda sorte de informações sobre seu estilo de vida, sobretudo o que comiam — verduras, frutas e, entre elas, maçãs especificamente. “Depois de analisar os dados dos dois grupos, concluímos que a ingestão diária de pelo menos uma maçã já reduz em 35% o risco de um câncer intestinal”, conta a SAÚDE! Wieslaw Jedrychowski.
O trabalho não é o único a apontar um efeito anticâncer da fruta. Na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, nutricionistas pingaram o extrato de maçã diretamente em células tumorais de mama e notaram que ele foi capaz de frear sua multiplicação. Na prática, isso indicaria que a fruta não só atuaria na prevenção do problema como favoreceria sua cura.
“O mérito é dos chamados compostos fenólicos, um time poderoso de antioxidantes, presentes em doses generosas nas maçãs”, explica o engenheiro agrônomo Alessandro Nogueira, do Grupo de Trabalho sobre Maçã da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no interior do Paraná. Esses componentes neutralizam radicais livres, moléculas formadas no organismo que, em excesso, prejudicam o DNA das células, desencadeando a proliferação desordenada por trás da formação de um tumor. “Além dessa ação contra os radicais, há indícios científicos de que os mesmos compostos regulariam a resposta imunológica e a expressão do gene p53, envolvidos no aparecimento de tumores”, completa Jedrychowski.
No grupo de compostos fenólicos encontrados no fruto da macieira, alguns merecem destaque. “As procianidinas, as quercetinas glicosiladas e a rutina estão entre os principais”, lista a nutricionista Andrea Andrade, da RG Nutri Consultoria em Nutrição, na capital paulista. Não se preocupe em decorar esses nomes complicados, mas em aprender o seguinte: sempre consuma a maçã inteira. “Sua casca possui de cinco a dez vezes mais substâncias ativas do que a polpa”, justifica Alessandro Nogueira.
Se o produto não for orgânico, procure varrer os agrotóxicos. “Basta deixar a fruta imersa em 1 litro de água com 5o gotas de hipoclorito durante 15 minutos e depois lavá-la com água potável”, ensina a engenheira agrônoma Marta Spoto, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, no interior de São Paulo.
Alessandro Nogueira dá outro recado: não adianta devorar todas as maçãs da fruteira. Ao contrário. “Comer mais de três unidades por dia anula a ação positiva, porque, em excesso, seus componentes têm uma espécie de efeito tóxico, gerando mais radicais livres em vez de combatê-los.” Portanto, basta mesmo seguir o velho ditado e apostar em uma única maçã por dia.
Não só os compostos fenólicos fazem a boa fama da maçã. Ela conta com a presença de outra vedete poderosa, a pectina, que integra a classe das fibras solúveis. Concentrada na casca, daria mais uma força na prevenção do câncer colorretal. “Um baixo consumo de fibras aumenta a concentração de toxinas na mucosa intestinal. Esses detritos podem irritar suas células, favorecendo a formação de um tumor”, afirma Wieslaw Jedrychowski. Segundo ele, ao melhorar o trânsito intestinal, a pectina auxiliaria na eliminação dessas impurezas.
Essa mesma fibra solúvel, aliás, já é reconhecida como aliada do coração. “Ela atua na redução das taxas de glicose e de colesterol, que, em excesso, são nocivas às artérias”, confirma a nutricionista Francilene Kunradi, da Universidade Federal de Santa Catarina. “Por causa de sua viscosidade, a substância dificulta a absorção de açúcar e gordura no intestino delgado, que, assim, acabam sendo excretados”, explica. Sem contar que induz a expulsão dos ácidos biliares, importantes para o processo de digestão mas que também são carregados de colesterol. Esses ácidos costumam ser reabsorvidos e, quando isso não acontece, para fabricar mais o organismo precisa tirar matéria-prima da circulação. Ou seja, moléculas de LDL, o colesterol ruim. E livram as artérias dessa ameaça.
Por causa disso, um grupo de pesquisadores iranianos, da Universidade Islâmica de Azad, decidiu testar, durante dois meses, os efeitos do suco de maçã na saúde cardiovascular de coelhos que viviam à base de uma dieta rica em colesterol. Os resultados foram surpreendentes. Apesar da alimentação, não apenas as taxas de gordura no sangue despencaram como houve diminuição da inflamação e da coagulação, fatores que contribuem para o entupimento dos vasos sanguíneos.
“A maçã também conta com minerais importantes para o funcionamento do organismo, como o potássio, o cálcio, o magnésio e o fósforo”, faz questão de lembrar Alessandro Nogueira. Para tirar proveito de todos os seus componentes, você só precisa tomar alguns cuidados. “Na presença de oxigênio, uma enzima da maçã chamada polifenoloxidase entra em ação e oxida essas substâncias benéficas. É justamente isso que faz escurecer a fruta que ficou cortada, à espera de ser consumida”, avisa Marta Spoto. “E, sempre que possível, procure cortá-la em pedaços grandes”, sugere.
As donas de casa conhecem uma saída eficiente para evitar o escurecimento: é só mergulhar os pedaços de maçã no sumo de alguma fruta cítrica, como a laranja ou o limão, ou borrifá-los. A acidez tornaria a degradação das substâncias benéficas mais lenta. Mas se a ideia é usar a fruta como ingrediente de um prato quente, aprenda esta: “Aqueça um pouco de água até levantar fervura. Desligue a chama e deixe a fruta submersa durante três minutos”, diz Marta. Esse choque térmico evita que a enzima destruidora de compostos benéficos entre em ação durante o cozimento e você consegue preservar boa parte dos benefícios. Guardar as maçãs na geladeira seria uma última — e a melhor — recomendação. “A refrigeração faz com que tudo o que elas têm de bom dure muito mais do que os 15 dias de praxe em temperatura ambiente”, garante Marta. Saúde Vital
Costumam repetir os americanos: “One apple a day keeps the doctor away”. E comece a levar a sério o que poderia soar a uma rima tola: uma maçã por dia ajuda, sim, a manter os médicos bem longe. Essa seria, mais ou menos, a tradução do ditado e é verdadeira pelo menos no que diz respeito ao câncer.
Um estudo polonês, realizado na Universidade Jagiellonian e divulgado no European Journal of Cancer Prevention, uma publicação científica de prestígio, corrobora com essa ideia. Os pesquisadores entrevistaram 592 portadores de tumor colorretal e 765 indivíduos saudáveis, comparando toda sorte de informações sobre seu estilo de vida, sobretudo o que comiam — verduras, frutas e, entre elas, maçãs especificamente. “Depois de analisar os dados dos dois grupos, concluímos que a ingestão diária de pelo menos uma maçã já reduz em 35% o risco de um câncer intestinal”, conta a SAÚDE! Wieslaw Jedrychowski.
O trabalho não é o único a apontar um efeito anticâncer da fruta. Na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, nutricionistas pingaram o extrato de maçã diretamente em células tumorais de mama e notaram que ele foi capaz de frear sua multiplicação. Na prática, isso indicaria que a fruta não só atuaria na prevenção do problema como favoreceria sua cura.
“O mérito é dos chamados compostos fenólicos, um time poderoso de antioxidantes, presentes em doses generosas nas maçãs”, explica o engenheiro agrônomo Alessandro Nogueira, do Grupo de Trabalho sobre Maçã da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no interior do Paraná. Esses componentes neutralizam radicais livres, moléculas formadas no organismo que, em excesso, prejudicam o DNA das células, desencadeando a proliferação desordenada por trás da formação de um tumor. “Além dessa ação contra os radicais, há indícios científicos de que os mesmos compostos regulariam a resposta imunológica e a expressão do gene p53, envolvidos no aparecimento de tumores”, completa Jedrychowski.
No grupo de compostos fenólicos encontrados no fruto da macieira, alguns merecem destaque. “As procianidinas, as quercetinas glicosiladas e a rutina estão entre os principais”, lista a nutricionista Andrea Andrade, da RG Nutri Consultoria em Nutrição, na capital paulista. Não se preocupe em decorar esses nomes complicados, mas em aprender o seguinte: sempre consuma a maçã inteira. “Sua casca possui de cinco a dez vezes mais substâncias ativas do que a polpa”, justifica Alessandro Nogueira.
Se o produto não for orgânico, procure varrer os agrotóxicos. “Basta deixar a fruta imersa em 1 litro de água com 5o gotas de hipoclorito durante 15 minutos e depois lavá-la com água potável”, ensina a engenheira agrônoma Marta Spoto, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, no interior de São Paulo.
Alessandro Nogueira dá outro recado: não adianta devorar todas as maçãs da fruteira. Ao contrário. “Comer mais de três unidades por dia anula a ação positiva, porque, em excesso, seus componentes têm uma espécie de efeito tóxico, gerando mais radicais livres em vez de combatê-los.” Portanto, basta mesmo seguir o velho ditado e apostar em uma única maçã por dia.
Não só os compostos fenólicos fazem a boa fama da maçã. Ela conta com a presença de outra vedete poderosa, a pectina, que integra a classe das fibras solúveis. Concentrada na casca, daria mais uma força na prevenção do câncer colorretal. “Um baixo consumo de fibras aumenta a concentração de toxinas na mucosa intestinal. Esses detritos podem irritar suas células, favorecendo a formação de um tumor”, afirma Wieslaw Jedrychowski. Segundo ele, ao melhorar o trânsito intestinal, a pectina auxiliaria na eliminação dessas impurezas.
Essa mesma fibra solúvel, aliás, já é reconhecida como aliada do coração. “Ela atua na redução das taxas de glicose e de colesterol, que, em excesso, são nocivas às artérias”, confirma a nutricionista Francilene Kunradi, da Universidade Federal de Santa Catarina. “Por causa de sua viscosidade, a substância dificulta a absorção de açúcar e gordura no intestino delgado, que, assim, acabam sendo excretados”, explica. Sem contar que induz a expulsão dos ácidos biliares, importantes para o processo de digestão mas que também são carregados de colesterol. Esses ácidos costumam ser reabsorvidos e, quando isso não acontece, para fabricar mais o organismo precisa tirar matéria-prima da circulação. Ou seja, moléculas de LDL, o colesterol ruim. E livram as artérias dessa ameaça.
Por causa disso, um grupo de pesquisadores iranianos, da Universidade Islâmica de Azad, decidiu testar, durante dois meses, os efeitos do suco de maçã na saúde cardiovascular de coelhos que viviam à base de uma dieta rica em colesterol. Os resultados foram surpreendentes. Apesar da alimentação, não apenas as taxas de gordura no sangue despencaram como houve diminuição da inflamação e da coagulação, fatores que contribuem para o entupimento dos vasos sanguíneos.
“A maçã também conta com minerais importantes para o funcionamento do organismo, como o potássio, o cálcio, o magnésio e o fósforo”, faz questão de lembrar Alessandro Nogueira. Para tirar proveito de todos os seus componentes, você só precisa tomar alguns cuidados. “Na presença de oxigênio, uma enzima da maçã chamada polifenoloxidase entra em ação e oxida essas substâncias benéficas. É justamente isso que faz escurecer a fruta que ficou cortada, à espera de ser consumida”, avisa Marta Spoto. “E, sempre que possível, procure cortá-la em pedaços grandes”, sugere.
As donas de casa conhecem uma saída eficiente para evitar o escurecimento: é só mergulhar os pedaços de maçã no sumo de alguma fruta cítrica, como a laranja ou o limão, ou borrifá-los. A acidez tornaria a degradação das substâncias benéficas mais lenta. Mas se a ideia é usar a fruta como ingrediente de um prato quente, aprenda esta: “Aqueça um pouco de água até levantar fervura. Desligue a chama e deixe a fruta submersa durante três minutos”, diz Marta. Esse choque térmico evita que a enzima destruidora de compostos benéficos entre em ação durante o cozimento e você consegue preservar boa parte dos benefícios. Guardar as maçãs na geladeira seria uma última — e a melhor — recomendação. “A refrigeração faz com que tudo o que elas têm de bom dure muito mais do que os 15 dias de praxe em temperatura ambiente”, garante Marta. Saúde Vital