Boa parte das pessoas não têm tratamento por falta de conhecimento sobre seus sintomas e perigos. A boa notícia é que ela tem cura, e as chances disso são ainda maiores quando o diagnóstico é feito nos primeiros anos de vida da criança
Um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde revelou que cerca de 75% das pessoas que sofrem de epilepsia no mundo deixam de receber tratamento, e isso se deve muito mais à falta de conhecimento sobre a doença do que ao valor do seu tratamento. Esse distúrbio é mais comum entre as crianças do que entre os adultos (cerca de 5% da população jovem tem o problema).Como a causa na maioria dos casos é desconhecida, acontece por vezes de a doença ser passageira, desaparecendo ainda na infância naturalmente, o que não dispensa a avaliação e tratamento - no Brasil todos os remédios necessários são fornecidos pelo governo. Alguns sinais ficam mais evidentes nos primeiros anos na escola , quando ela pode apresentar falta de atenção enquanto escreve ou assiste às aulas, e isso pode atrapalhar o rendimento escolar. Uma das formas de perceber o problema pode ser quando, durante um ditado, a criança escreve apenas partes do que o professor fala, sem registrar grandes pedaços do texto dito. Como os professores podem não saber diferenciar se a criança tem déficit de atenção ou epilepsia de fato, cabe a eles observar os alunos e orientar os pais a procurarem um especialista.
Segundo Rogério Tuma, neurologista do Hospital Sírio Libanês (SP), a doença pode ser constatada logo depois que a criança nasce, quando o médico já pode perceber se o bebê apresenta contrações constantes em algum músculo do corpo. Se ele suspeitar que elas indicam epilepsia, é pedido um exame de eletroencefalograma para analisar as descargas elétricas do cérebro e constatar se há de fato disfunção em algumas células. O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura, e o tratamento normalmente é feito à base de medicamentos. Só em casos em que a causa da epilepsia é conhecida e muito específica (como um tumor ou após um acidente que comprometeu a estrutura do cérebro) é possível fazer uma cirurgia para sanar o problema.
A epilepsia, que em geral tem origem desconhecida, não é uma doença transmissível e acontece quando alguns neurônios não funcionam corretamente. Essa disfunção se manifesta em contrações involuntárias de alguns músculos do corpo ou até do corpo inteiro durante alguns segundos. Outro sintoma é o que os médicos chamam de ausência (quando a pessoa parece olhar para o nada, pisca com frequência ou estala os lábios, como se não estivesse percebendo o que está ao seu redor). Esses períodos em que a pessoa parece inconsciente ou quando tem essas contrações são conhecidos como crises. Numa crise mais grave, a pessoa pode chegar até mesmo a ter convulsões. Crescer