quinta-feira, 22 de abril de 2010

Depressão pós-parto: dificuldade para dormir pode contribuir com o problema

Sim, as noites mal dormidas podem contribuir para o quadro de depressão pós-parto. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela Universidade de Melbourne, na Austrália. Os pesquisadores afirmam que mulheres que não conseguem dormir bem durante a noite – por causa do bebê ou da insônia – são mais suscetíveis a depressão. Mas essa não é a única causa. Elas variam de mulher para mulher. As mais recorrentes são variação hormonal, conflitos com o pai do bebê (durante a gestação e após o nascimento do bebê) e insegurança com a nova fase.

Os primeiros sinais surgem logo após o parto. Como é um momento muito especial - e você está naturalmente mais emotiva - eles podem passar despercebidos. Você começa a se sentir triste, angustiada, com muita facilidade de chorar por coisas que antes não comoviam você. Esse sentimento é chamado “baby blues” (ou depressão pós-parto num estágio bem leve) e atinge entre 10 e 15% das mães. Há também quadros de depressão pós-parto mais acentuados, que se manifestam em cerca de 50% das mulheres que acabaram de ter um filho. A mãe não tem vontade de fazer nada, só sente tristeza e apatia.

A melhor forma de lidar com essa situação é não ter vergonha de pedir ajuda. Uma pesquisa publicada pelo Arquivos de Saúde Mental da Mulher confirma o que já era pregado por muitos especialistas. Em todos os estágios de depressão pós-parto, a mulher precisa de apoio para sentir segurança e se recuperar. Segundo o estudo, a tristeza pode surgir também por conta das dúvidas da mãe quanto à eficácia dos cuidados que ela tem com a criança. Como esse sentimento surge, geralmente, quando a mulher chega em casa e não tem mais a assistência de enfermeiras e médicos, o papel do pai da criança é fundamental, afinal, ele é a pessoa mais próxima da mãe naquele momento.

Os autores do estudo analisaram um grupo de mães ao completarem duas semanas e seis meses após o nascimento. Houve casos em que a depressão se manifestou apenas na segunda semana, outros apenas no sexto mês e, ainda, aqueles que mantiveram a sensação intensa de angústia durante os dois períodos.

Além do suporte da família no pós-parto, manter-se ativa ajuda a melhorar o astral durante essa fase. Pesquisadores da Universidade de Fisioterapia de Melbourne e do Hospital Angliss, na Austrália, desenvolveram um programa experimental com exercícios criados especialmente para mulheres no período pós-parto. Das 161 mulheres que participaram do estudo, metade participou das atividades propostas pelos cientistas. O resultado revelou que as atividades físicas refletem, sim, positivamente para o bem-estar das novas mães, reduzindo o risco de depressão.

Não se culpe se estiver deprimida após o nascimento do seu filho. “Toda mulher, no período pós-parto, tem uma série de alterações hormonais, o que faz com que ela alterne momentos de tristeza e alegria”, diz Alessandro Danesi, pediatra do Hospital Sírio-Libanês (SP). Isso é mais comum quando trata-se do primeiro filho do casal, pela insegurança com os cuidados do bebê, mas não quer dizer que a oscilação de humor não possa surgir com os próximos filhos.

As brasileiras sofrem mais
De acordo com pesquisa realizada pela USP (Universidade de São Paulo), em parceria com outras universidades brasileiras e financiado pela Fapesp e pelo CNPq, 27,55% das mães usuárias do Sistema Público de Saúde de São Paulo apresentaram o problema. Já entre as dos hospitais particulares, o número cai para 7%. A média internacional de mulheres com depressão pós-parto que é de 15%.

Ao todo, foram avaliadas 196 mulheres de cada grupo, da gestação ao pós-parto. Entre os fatores em comum encontrados na pesquisa estão gestação não-desejada, conflitos com o pai do bebê (durante a gestação e após o nascimento do bebê) e baixa escolaridade, entre outros. Este último, aliás, pode até explicar a diferença entre os números de mulheres com a doença nos setores privado e público na capital paulista. A pesquisa analisou também mães de outros Estados. Em Natal, a diferença entre mulheres de baixa e alta renda não foi tão grande - o que pode mostrar que os outros motivos encontrados também são muito significativos para o problema. Lá, a incidência foi de 13% (próximo à média internacional) em um grupo de 61 mães (28 de baixa renda e 33 de classe média).

Perigo para a amamentação
Outra pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) mostra que mães com sintomas de depressão pós-parto têm mais chance de deixar de amamentar o bebê antes do tempo. É verdade. Felizmente, existem terapias e medicamentos que podem ser tomados mesmo durante a amamentação, claro, com prescrição médica.

Conte com o apoio do médico
Uma das maneiras de você se sentir mais tranquila é ir ao pediatra ainda na primeira semana do bebê em casa. Mais do que acalmar o casal sobre a saúde do bebê e tudo o que pode acontecer nesse primeiro mês (soluço, espirro e as temidas cólicas), é hora de conversar com o pai sobre a colaboração e paciência que ele precisa ter nesse começo, tanto com a mãe quanto com o bebê.

“Elas precisam descansar, se alimentar, passear. E não têm de se sentir piores porque estão se cuidando”, diz Alessandro. Ficar um mês em casa somente atendendo às demandas do bebê estressa a mulher. Aceite a ajuda do companheiro e da família. “O maior erro da família é mudar o dia-a-dia em função do bebê. O filho nasce para se juntar à vida dos pais”, diz Alessandro. Essas medidas são simples e importantes no combate à depressão. Depois do primeiro mês, a mulher já se sente melhor. O casal mais adaptado com o bebê, e ele aos pais. Crescer