
20% a 40% dos pacientes têm insônia em alguma época da vida. Apesar dessa frequência alta, é rara a procura por um médico “apenas” pela queixa de insônia. Muitas vezes a não compreensão, a não-aceitação ou o conceito moral de que “não dormir bem” é socialmente mal visto, leva a uma omissão do sintoma pelo paciente.
A vida agitada dos grandes centros, o estresse excessivo, a exposição constante a situações de tensão e expectativa são os grandes vilões do homem moderno e os principais desencadeantes da insônia.
1. O que é insônia?
Insônia é a dificuldade para iniciar ou manter o sono ou de um sono não reparador, que dura no mínimo um mês.
A insônia atinge as pessoas de todas as classes socioeconômicas, mas afeta principalmente mulheres, idosos, pessoas que moram sozinhas e indivíduos com histórico de depressão.
2. Quais são as causa da insônia?
- Estresse: preocupações com trabalho, família, perda de entes queridos;
- Distúrbios psiquiátricos como ansiedade, depressão, pânico;
- Doenças como diabetes, reumatismo, problemas vasculares;
- Alterações no ritmo biológico: viagens com alteração do fuso horário, mudanças de turnos de trabalho;
- Alguns medicamentos como antidepressivos e psicoestimulantes (anfetaminas e cafeína)
- Excesso de álcool;
- Ambiente desfavorável como calor excessivo, cama desconfortável, excesso de ruído;
- Envelhecimento: os idosos têm uma piora na qualidade do sono.
3. A insônia deve ser tratada?
Sim, porque os insones têm menos saúde, usam mais os serviços médicos hospitalares e pior performance na escola e no trabalho devido ao maior índice de faltas.
O número de acidentes é 2,5 vezes maior nos indivíduos insones.
4. O que fazer para melhorar o sono?
- Ir para a cama apenas para dormir (não ler, não estudar, não comer na cama);
- Manter horários regulares para deitar e levantar;
- Ir para cama com sono e levantar se estiver sem sono;
- Dormir em um ambiente sem luminosidade, frio ou calor excessivo e com muito barulho;
- Deixar as preocupações longe da cama;
- À noite, fazer apenas refeições leves;
- Evitar bebidas com cafeína e álcool, não fumar;
- Evitar dormir com sede ou com fome;
- Não realizar atividade física em horário próximo ao de deitar.
5. A quem devo buscar ou pedir ajuda/conselho?
O neurologista é o profissional indicado para tratar insônia, pois ele recebe treinamento clínico e neurofisiológico específico para orientar sobre o medicamento quando as recomendações acima citadas não forem o suficiente para o indivíduo dormir.
Outros especialistas que podem cuidar da insônia são os psiquiatras, principalmente se esta for devido a quadro depressivos e/ou ansiosos. Quando o paciente tem apnéia do sono (problemas respiratórios durante o sono) pode ser tratado por pneumologistas ou otorrinolaringologistas especializados em distúrbios do sono.
Célia Roesler
Médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.