
Ao analisarem a queixa oftalmológica principal dos pacientes, os pesquisadores observaram que entre os 46 sintomáticos, 43,5% apresentavam sintomas considerados como relacionados ao quadro de olho seco, entre eles, ardência, dor ocular, prurido, sensação de corpo estranho e ressecamento, demonstrando ser a queixa de olho seco a mais comum entre os pacientes lúpicos. A catarata foi a segunda queixa principal, estando presente em 41,4% dos pacientes. “Apesar de a síndrome do olho seco e a catarata terem sido as alterações oftalmológicas mais encontradas, a primeira parece estar mais relacionada ao lúpus em si, enquanto a segunda possivelmente se relaciona ao uso crônico de corticoesteróides para o tratamento da doença”, afirmam os autores em artigo publicado na edição de março/abril de 2006 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia.
Tatiana Klejnberg e Haroldo Júnior pontuam, no texto, que “o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória crônica, idiopática, multissistêmica, caracterizada por uma variedade de manifestações clínicas e associada à hiperatividade do sistema imunológico e produção de diversos auto-anticorpos. A incidência estimada varia de 1,8 a 20 ou mais casos por 100.000 indivíduos por ano, variando conforme a população estudada. Entre 80% a 90% destes pacientes são mulheres em idade fértil, com idade média de 30 anos”.
Os especialistas alertam para a importância do acompanhamento oftalmológico: “para os pacientes com a doença sob controle, o dano oftalmológico parece estar estreitamente relacionado ao tratamento sistêmico utilizado, o que corrobora a importância da indicação de exame oftalmológico completo e de rotina mesmo nestes pacientes”.