Um dos maiores estudos feitos para investigar a degeneração do disco da coluna lombar chamado The Association of Lumbar Intervertebral Disc Degeneration on MRI in Overweight and Obese Adults: A Population-Based Study, revelou que adultos com sobrepeso ou obesidade são significativamente mais propensos a ter degeneração do disco lombar do que aqueles com um índice de massa corporal (IMC) normal.
Segundo avaliações feitas por ressonância magnética, um IMC elevado está associado a um aumento do número de níveis de discos degenerados e a uma maior gravidade da degeneração do disco, incluindo o estreitamento do espaço do disco. Detalhes deste estudo forma publicados, recentemente, no Arthritis Care & Research, o jornal do Colégio Americano de Reumatologia.
Pesquisas anteriores já haviam relacionado um IMC maior a dores lombares, que são frequentemente debilitantes e podem limitar a função motora, impactando o bem-estar psicológico e diminuindo a qualidade de vida. Dores lombares também estão associadas a substanciais custos socioeconômicos e de saúde. Especialistas sugerem que a degeneração do disco é uma causa de dor lombar e, portanto, o IMC poderia estar envolvido no desenvolvimento da doença degenerativa do disco.
Para ampliar o conhecimento sobre este importante problema de saúde, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Hong Kong investigou a associação entre um IMC elevado e a presença, a extensão e a gravidade da degeneração do disco da coluna lombar em adultos.
Uma vez que o sobrepeso e a obesidade são preocupações em todo o mundo, os resultados do estudo têm importantes implicações na saúde pública.Os pesquisadores recrutaram 2.599 participantes com idades entre 21 anos ou mais, no sul da China, entre 2001 e 2009. Os participantes eram de diversas origens sociais e econômicas e foram recrutados independentemente de terem tido dor nas costas ou não. O grupo de estudo incluiu 1.040 homens e 1.559 mulheres que tinham uma idade média de 42 anos. Os pesquisadores realizaram avaliações radiográficas e clínicas, além de exames de ressonância magnética da coluna lombar.
Os achados do estudo revelaram que 73% dos participantes apresentavam degeneração do disco lombar. Os homens apresentaram uma prevalência significativamente maior de degeneração do que as mulheres: 76% a 71%, respectivamente. Não surpreendentemente, com o aumento da idade dos participantes, houve também o aumento da prevalência de degeneração discal. As avaliações do IMC do grupo de estudo mostraram que 7% dos indivíduos apresentaram baixo peso, 48% estavam na faixa de peso normal, 36% estavam com sobrepeso e 9% eram obesos.
A pesquisa confirmou que, com o IMC elevado há um aumento significativo da gravidade, da extensão e da degeneração global discal. Na verdade, a fase final da degeneração do disco - com o estreitamento do espaço de disco - foi mais pronunciada em indivíduos obesos.
Uma vez que o sobrepeso e a obesidade são preocupações em todo o mundo, os resultados do estudo têm importantes implicações na saúde pública. Com o aumento da incidência de sobrepeso e de obesidade ameaçando todas as nações, a saúde da coluna está em risco em todo o planeta. Muitos problemas advindos do aumento de peso surgirão e se agravarão.
A degeneração do disco lombar é um processo complexo que envolve mudanças químicas e estruturais. Precisamos de mais estudos que investiguem os fatores de risco para degeneração do disco, levando em conta o impacto do sobrepeso e da obesidade sobre a doença. Uma maior compreensão de como o IMC elevado contribui para a degeneração do disco e para o aparecimento da dor lombar pode auxiliar no desenvolvimento de novas intervenções que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas com estas condições incapacitantes.
Sérgio Lanzotti
Reumatologista