sábado, 20 de março de 2010

Usar fone de ouvido com volume alto tira a concentração e expõe a saúde dos ouvidos

Nas ruas, nos escritórios, na academia, no trânsito e até nas salas de aula, sempre tem alguém usando fones de ouvido com o volume lá em cima. Apesar de entreter e, embora tornem as atividades diárias mais agradáveis, bloquear a audição de som ambiente com outros sons altera toda a nossa noção de tempo e espaço e prejudica a concentração. "Escutamos com o cérebro e não com o ouvido.

Os ouvidos são apenas transmissores de informações e impulsos elétricos para o cérebro, que decodifica, controla e adapta o som de modo perceptível pelo resto de nosso corpo", explica o otorrinolaringologista Luciano Neves. "Quando ouvimos os fones com volume muito alto, o cérebro se concentra neste processo e nossos sentidos ficam alterados, atrapalhando a percepção e a concentração", continua.

Quando aumentamos o volume dos fones, o cérebro se ajusta a nova condição e passa aceitar como "natural" o som mais alto. Quando expostos muito tempo aos volumes altos, vamos nos acostumando cada vez mais a ouvir mais alto. "O cérebro se adapta e você passa a não perceber que o volume está cada vez mais alto. O problema é que o ouvido, que serve apenas como um canal transmissor, não tem a mesma facilidade de se adaptar como o cérebro e sofre com o impacto, daí o perigo de uma lesão mais grave", explica Luciano.

Exposto ao perigo
Quando usamos os fones de ouvido com o som alto, deixamos de perceber as situações ao nosso redor em função do desvio de atenção que o cérebro sofre e ficamos expostos a perigos. "Se você vai correr em um parque com fones de ouvido, o máximo que pode acontecer é você não perceber uma pedra ou ultrapassar a marca da pista de corrida, agora, se a corrida vai acontecer em uma rua movimentada, é melhor deixá-los de lado. Você pode não perceber um carro se aproximando, uma briga, enfim, os perigos são bem maiores", diz o especialista.

Concentração que nada!
Com eles, a concentração também sai prejudicada. Por tirarem nossa percepção, nossos sentidos ficam frágeis e não conseguimos perceber o que acontece ao nosso redor. "Tem gente que se adapta e não consegue viver sem e isso só é possível pela capacidade que o cérebro tem de se adaptar, mas nem sempre a combinação fones e trabalho é produtiva. Repare se o seu rendimento se altera e veja se ele interfere ou não no seu desempenho", explica Luciano.

Usar um fone só não ajuda
"Para não comprometer a atenção, muita gente opta por usar o fone em apenas um dos ouvidos. Por um lado é verdade, você fica um pouquinho menos vulnerável, porém, a tendência é aumentar ainda mais o volume para compensar o ouvido ausente e daí sobrecarregamos o outro ouvido com um volume excessivo, podendo causar uma lesão?, explica.

Prejuízos à saúde auditiva
"O que perdemos dificilmente se recupera. A perda auditiva induzida por ruído- PAIR- é lenta e progressiva, demora em média 10 a 15 anos, se expostos a volumes médios, mas quando acontece, não tem como ser revertida.

Por isso, é melhor tomar cuidado com alguns hábitos e até com profissões que exigem demais da nossa audição", alerta o otorrino.

Alguns dos principais danos a audição são:

-Dificuldade de compreender não só o som, mas o significado do que lhe dizem

-Zumbidos

-Falar alto

-Perda da noção de espaço e localização

-Falta de atenção e percepção

-Pouco equilíbrio

O que fazer quando a audição falha?
A melhor coisa a fazer é procurar um otorrinolaringologista e fazer um exame de audiometria para examinar sua capacidade auditiva e então, diagnosticar o problema.

"Se for um problema causado só pela exposição aos ruídos, basta a interrupção da exposição ao volume alto, mas se for algo além disso, é preciso um tratamento mais intenso e indicado de acordo com cada caso", finaliza Luciano. Minha Vida